MAAKIES - VOLUME 1
Título: MAAKIES - VOLUME 1 (Zarabatana)
- Edição especial
Autor: Tony Millionaire (texto e arte).
Preço: R$ 36,00
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Junho de 2007
Sinopse: Antologia da tira Maakies, de Tony Millionaire, que mostra a vida bizarra do macaco Tio Grabby e de Drinky Crow no navio do Capitão Maak.
Positivo/Negativo: Maakies é uma tira com boa repercussão nos quadrinhos underground norte-americanos. Com mais de dez anos de publicação, sai em veículos semanais como a californiana L.A. Weekly e a nova-iorquina Village Voice. Tende a ficar ainda mais conhecida agora que ganhará versão animada no Adult Swim, programa adulto do Cartoon Network.
Tony Millionaire é um herdeiro do cartunista Charles Addams. Seu trabalho atualiza o tétrico, o mórbido e o mau gosto para os dias de hoje. Nada de piadas de salão: seus personagens estridentes se mutilam, se masturbam, bebem até não poder mais, são escatológicos mesmo.
No cenário das insossas tirinhas sindicalizadas publicadas hoje nos Estados Unidos, Maakies é esquisita pra caramba. O cenário comportado ajuda a destacar a tira. Sua estranheza é um mérito construído pelas tiras, sim, mas também pelo cenário pudico dos quadrinhos feitos para massas.
No Brasil, Maakies chega em um volume condensado. É ótimo, claro, ver a tira por aqui: Millionaire é uma usina de boas sacadas (nem sempre bem resolvidas), tem uma arte mirabolante, fantástica. Ainda pro cima, arrisca na diagramação, fugindo da mera sucessão de quadros e criando um modelo (por vezes, pervertido por ele mesmo) de fazer uma micro HQ no rodapé.
Por outro lado, ver Maakies só em livro lima muito de sua graça. Sua estranheza fica camuflada em si mesmo. A tirinha deixa de ser um momento de ruptura e precisa disputar a graça consigo mesma.
A coletânea é um formato que funciona para algumas tiras. Calvin & Haroldo, por exemplo. Mas, para outras, não dá muito certo: por mais que a série Tipinhos Inúteis, de Angeli, seja genial isoladamente, seria difícil ler um livro de cabo a rabo.
Maakies é uma tira com temas recorrentes demais para ganhar força em antologias. A culpa não é nem da editora. E sim dos veículos de comunicação, que têm pouco espaço para o formato. Pior: na hora de publicar tiras estrangeiras, não conseguem fugir do esquema de trabalhos sindicalizados, que são fáceis, chegam prontos e, muitas vezes, são ruins de doer.
Com nobres exceções aqui e acolá (Piauí e Sexy, por exemplo), o humor gráfico vem perdendo espaço nos últimos anos. Até mesmo a Playboy, que foi referência mundial na área, não tem mais cartuns em sua versão brasileira.
Sem investimento, as tirinhas, criadas para atrair leitores para a mídia impressa, estão desprestigiadas e ruins. Por mais contraditório que pareça, no cenário atual não cabe mais aos jornais e às revistas trazer as novidades - o que se viu com Calvin & Haroldo e Dilbert, para citar exemplos nem tão recentes de bastante sucesso.
O papel ficou para editoras de quadrinhos. E, por acaso, editoras bastante novas, como a Zarabatana - mas também a HQ Maniacs, que lançou quase simultaneamente Liberty Meadows.
Com esse formato, todo mundo perde: os personagens ficam restritos a quem está disposto a arriscar num livro, as editoras vendem menos porque as tiras são desconhecidas, os leitores perdem bom material. Mas perdem, principalmente, jornais e revistas, que estão cada vez mais sem graça.
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