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MÁGICO VENTO # 19

21 maio 2004

Título: MÁGICO VENTO # 19 (Mythos Editora) - Revista mensal

Autores: Gianfranco Manfredi (roteiro) e Pasquale Frisenda (desenhos).

Preço: R$ 5,50

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Janeiro de 2004

Sinopse: A Mão Esquerda do Diabo - Eureka é um importante centro minerador do estado de Nevada, onde também estão instalados vários fornos que servem para derreter o chumbo, o ferro e a prata extraída das minas. Esta indústria metalúrgica é alimentada pelo carvão, que queima dia e noite para manter os lucros da elite local.

Este carvão, geralmente, é produzido por imigrantes italianos e chineses, uma grande massa de miseráveis obrigada a devastar toda e qualquer árvore ao redor da cidade, apenas para ganhar uma quantia ínfima de dinheiro, já que o preço é controlado pelos donos das minas e dos fornos.

Como se não bastasse, Eureka é controlada com mão de ferro pelo Xerife Coleman, um velho aleijado que de frágil, não tem nada. Disposto a tudo para manter a lei, ele enfrenta até mesmo juízes e advogados, sempre com o apoio de seus fiéis ajudantes, escolhidos a dedo e duramente treinados.

A cidade é um barril de pólvora pronto para explodir. E Mágico Vento e Poe estão trazendo os fósforos...

Positivo/Negativo: Esta série publicada pela Mythos já conta com uma boa fama entre os fãs e a mídia especializada em quadrinhos, cuja leitura normalmente é tida como de bom gosto e alto nível.

Apenas para situar quem não conhece, Mágico Vento é o nome indígena de Ned Ellis, um ex-soldado americano que, após sobreviver a um acidente ferroviário, é adotado por uma tribo Lakota.

Devido a um fragmento de metal alojado no crânio, Ned sofre de amnésia e acaba desenvolvendo poderes de xamã. Seu melhor amigo é um jornalista chamado Willy Richards, vulgo Poe, por causa da semelhança notável com o autor de O Corvo.

Seguindo os rumos traçados por Ken Parker e por filmes como Dança com Lobos e Os Imperdoáveis, Gianfranco Manfredi discute temas como preconceito e ecologia em pleno Velho Oeste. Ele gosta de abordar normalmente as questões indígenas, realizando a costumeira inversão de valores que transforma índios em mocinhos e homens brancos em vilões.

Entretanto, o autor não se restringe apenas ao politicamente correto, preferindo, às vezes, mergulhar seus personagens em dramáticos tons de cinza. Assim, surgem tipos fascinantes, como o Xerife Coleman. Um homem cruel e severo, que não hesita em matar quem o desobedece, mas que, ao mesmo tempo, tem um profundo senso de justiça e tenta sempre cumprir com seu dever.

Ao redor desse personagem forte e ambíguo, gira uma trama cheia de suspense e surpresas, com direito a muitas revelações sobre o passado de Mágico Vento. Conforme seu antigo relacionamento com o xerife de Eureka vai sendo mostrado, mais inevitável e fatídico se torna o acerto de contas entre eles.

Igualmente digno de nota são os graves problemas sociais da cidade, que vão se acumulando até um final inesperado. Também é sintomático que a minoria perseguida na aventura seja de italianos, já que, em 1999, quando a história foi publicada na Itália (seu país de origem), havia na Europa forte resistência e preconceito contra imigrantes árabes e africanos.

Com tantos méritos assim fica difícil encontrar nesta edição algum ponto negativo. O roteiro de Manfredi é primoroso, a arte de Frisenda é belíssima e o resto fala por si mesmo. Talvez a coisa mais frágil da trama seja mostrar uma mulher que aceita rapidamente os carinhos de outro homem, depois de ser vítima de constantes abusos sexuais, mas isso pode passar despercebido.

Classificação:

4,0

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