Esta edição de Mágico Vento traz dois elementos corriqueiros, que soam como novidade.

O primeiro, por ser o mais visível, é a arte encantadora do artista italiano Ivo Milazzo, que não é surpresa para leitor algum.

Mais conhecido pelo personagem Ken Parker, que conduziu em parceria com o roteirista Giancarlo Berardi, o desenhista é responsável por algumas edições da trama de Ned Ellis.

A novidade é que a beleza do traço de Milazzo é sempre capaz de surpreender o seu maior fã, ganhando ares de novo e de ainda não visto.

O outro elemento habitual é da própria série e diz respeito ao método de criação de enredos do excelente roteirista Gianfranco Manfredi: a pesquisa histórica e antropológica.

Para ele, não basta uma trama divertida e de aventura. É preciso que Mágico Vento passe por algum momento da história da conquista do Oeste norte-americano ou por determinado aspecto interessante da cultura indígena.

Desta vez, Manfredi mostra as precárias condições com que os chineses eram tratados e a forma desumana com que foram usados para a conquista do Oeste dos Estados Unidos, para que a "civilização" fosse além da última fronteira.

Que o leitor construa a semelhança com eventos recentes de trabalhadores chineses morrendo de exaustão após turnos de trabalhados forçados, com salários miseráveis, em fábricas do país asiático responsáveis pela montagem de eletrônicos, como os nossos computadores.

O progresso ocidental traz uma manchinha de sangue oriental, muito visível nesta história de Mágico Vento, perceptível no nosso mundo atual.

Além dessa boa comparação e da arte de Milazzo, ainda há uma ótima história de aventura, que não deixa na mão o leitor que só quer um pouco de diversão.

Mas o convite de Manfredi à reflexão foi lançado.