A série Mágico Vento tem por característica, entre diversas, a reflexão a partir de acontecimentos históricos. É no meio disso que Gianfranco Manfredi localiza as aventuras dos personagens que escreve.

Mas não se trata apenas de citar determinados fatos ou figuras históricas. Neste fumetto, os personagens fictícios movem-se ao som da história e da documentação.

Nesta edição, Manfredi usa um problema social típico para os "pele-vermelhas", que pode tanto ser visto em outro quadrinho, como Escalpo, quanto nas notícias sobre as populações indígenas brasileiras: o alcoolismo.

O tema já foi tratado anteriormente na série pelo personagem Poe, um ex-alcoólatra. Mas aqui, além de apresentar a epidemia que a doença se tornou entre os índios norte-americanos, o autor puxa também a questão da qualidade da produção do uísque e seu contrabando pela fronteira.

É desoladora a imagem de uma tribo inteira, antes de guerreiros orgulhosos, vistos somente pelo fundo das garrafas.

A detalhista e competente arte de Corrado Mastantuono é capaz de dar um registro forte e impactante disso tudo. E também é muito feliz na representação de duelos, tiroteios e cenas de ação.

Afinal, mesmo que Manfredi tenha uma pegada de tramas ligadas às condições sociais da época, o roteirista não se esquece que trabalha em uma historia de western.

Também a ligação desta história com o grande enredo que é a série toda de Ned Ellis é feita de maneira muito inteligente.

Uma dose de Mágico Vento puro e sem gelo é exatamente o que um leitor de histórias do velho oeste norte-americano precisa.