MAGNETO – TESTAMENTO
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Greg Pak (roteiro), Carmine Di Giandomenico (arte) e Matt Hollingsworth (cores) - Originalmente publicado em X-Men: Magneto Testament # 1 a # 5.
Preço: R$ 22,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Julho de 2010
Sinopse
Para o mundo, ele é o maior terrorista mutante da história, inimigo jurado da espécie humana. Seu nome: Magneto.
Porém, muito antes de iniciar sua cruzada pela supremacia do Homo superior, muito antes da Irmandade de Mutantes e dos confrontos contra os pupilos de Charles Xavier, havia apenas um garoto - um menino chamado Max Eisenhardt, idealista e apaixonado, colhido na loucura e no horror da Segunda Guerra Mundial.
E foi num campo de concentração do Terceiro Reich, alimentando as fornalhas nazistas com os corpos de parentes e amigos, que esse jovem judeu conheceu a verdadeira vilania.
Positivo/Negativo
A Marvel vem apostando forte em recontar fatos passados de vários personagens do seu plantel, incrementando uma cronologia já intensa - os famosos retcons, que muito dividem a opinião dos leitores.
Além dessas inserções cronológicas retroativas, a "Casa das Ideias" vem remodelando ou mesmo recriando origens completas para muitos dos seus heróis e vilões.
Desde que Wolverine teve sua origem revelada alguns anos antes, esta tendência dilatou-se. Pode-se mencionar como exemplos Os Livros do Destino (Universo Marvel Anual # 2), que narra o nascimento e crescimento de Victor Von Doom até usurpar o trono da Latvéria; a série X-Men Origins, composta de edições especiais que traz os primeiros dias dos principais integrantes da equipe; as HQs Justiceiro - O Tigre e Justiceiro - Nascido para matar, sobre a infância e eventual passagem pela guerra de Frank Castle; Avengers: The Origin, que complementa uma trilogia de minisséries das primeiras atuações da equipe, escrita por Joe Casey; ou mesmo a mais recente
Homem-Aranha - Com grandes poderes..., revelando novos fatos da época em que Peter Parker dedicou-se à luta livre, quando seus grandes poderes não traziam ainda grandes responsabilidades.
Fugindo propositalmente de quaisquer explicações de cunho mercadológico, cronológico ou criativo, o fato é que tal onda tem gerado bons e maus contos. Felizmente, Magneto - Testamento não chega a enquadrar a segunda categoria, mas também não se garante como um dos melhores em questão - no máximo é uma boa leitura.
A história centra-se na infância do jovem alemão Max Eisenhardt (verdadeiro nome de Erik Lehnsherr, o futuro Magneto) na época em que Adolf Hitler subia ao poder como Führer e tomava o controle da nação germânica, no início dos anos 1930. Começava o longo tormento dos judeus que culminou na "Solução Final", dando origem ao holocausto.
Sendo de família judia, Max passa a sentir na pele o preconceito crescente contra seu povo, seja na escola ou nas ruas. Alimentando uma paixão secreta pela jovem cigana Magda, ambos são atormentados pela perseguição imposta a qualquer "raça impura" e não conseguem consumar o relacionamento, até o dia em que se reencontram em lados opostos de um campo de concentração, onde farão de tudo para sobreviver.
O roteiro é entremeado por alguns blocos de texto narrando fatos ocorridos durante a Segunda Guerra, enriquecendo a narrativa e situando bem o leitor na linha temporal dos acontecimentos. Greg Pak conseguiu, com êxito, narrar a história de Magneto com esteio em acontecimento reais da política e da sociedade da época, retratando bem a exclusão e a intolerância que outros alemães tinham para com seus iguais judeus.
Seu texto, inclusive, fará o leitor lembrar-se de filmes como O pianista ou A lista de Schindler, principalmente por estes tratarem da invasão nazista na Polônia, que é justamente um dos cenários por onde Max e sua família passam durante sua fuga.
Além disso, foi bastante fiel ao que havia sido retratado na edição Uncanny X-Men #150 (agosto de 1981), cujas páginas mostraram, numa cena em flashback, pela primeira vez, fatos passados do mutante quando esteve em Auschwitz.
No entanto, ao terminar o álbum, o leitor poderá sentir uma ponta de desapontamento.
Afinal, a história é sobre a origem de um dos maiores vilões da Marvel, e a sensação que resta ao se chegar à última página é de que faltou "alguma coisa", de que poderia se mostrar um pouco mais o surgimento de seus poderes ou os primeiros dias da vilania de Max.
Poucas são as cenas em que se pode verificar que se está falando sobre o futuro líder da Irmandade dos Mutantes. Toda a narrativa, apesar de bem conduzida, facilmente poderia ser atribuída a qualquer sobrevivente daquela época, numa história realista e comovente como tantas outras do gênero.
Exceto por momentos como a facilidade de Max em encontrar moedas para ajudar a sua família, ou sua habilidade em manejar pequenos e grandes objetos de metal - como na cena em que arremessa uma lança de ferro durante uma competição escolar, ou quando é baleado junto com a família e sobrevive -, nada mais contribui para uma distinção do personagem, não fosse pelo seu nome junto ao título da história.
Outro ponto a se mencionar é o paradoxo ao final do encadernado, no qual Max lê o que havia escrito num pedaço de papel: um apelo para que tal situação pela qual passou nunca mais se repita, extraindo-se daí o título da trama.
Ora, quantas vezes justamente ele, já como Magneto, não ousou pela exterminação dos humanos quando hasteou sua bandeira pela supremacia mutante? A analogia com o antagonista-mor de seu povo judeu é gritante.
Quanto à arte, infelizmente não é das mais tarimbadas. O italiano Di Giandomenico possui um traço simples, básico, mas sem grandes atrativos; apenas o necessário para retratar rostos e expressões faciais, que são muito limitadas.
Não fosse pelas cores de Matt Hollingsworth, o trabalho de arte estaria muito mais comprometido. Entretanto, não chega a desvalorizar completamente o material.
Novamente a qualidade gráfica impecável e preço em conta são um convite à leitura da obra, a exemplo dos lançamentos anteriores da coleção. Ponto para a Panini.
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