Eis uma pequena pérola no mercado de quadrinhos. Por vários motivos.

O primeiro deles: Rômolo é um designer que faz quadrinhos e ri dos próprios colegas de profissão. O seu traço é simples e rústico, mas eficiente.

No entanto, o grande valor das HQs de Rômolo é sua capacidade de observação. E, principalmente, de rir do que é o standart - ou como estaria em Malditos designers, "istandarti".

A observação crítica conduz o trabalho de Rômolo à autoironia. Basta conhecer meia dúzia de designers para reconhecer os tipos criados por ele.

O autor trabalha habitualmente com quadros únicos ou quatro quadros "quadrados". Interessante observar que nenhuma das tiras do livro é horizontal, seu formato mais corriqueiro.

Outro ponto alto é que uma série como Malditos designers se assemelha a Dilbert pela ideia da crítica de nicho. Os conteúdos dessas tiras seriam impensáveis décadas atrás.

Também se destaca no livro a capa, que, literalmente, brilha no escuro. O humor começa por ali, pois, de acordo com Rômolo, designer compra livro somente pela capa.

A edição da obra é primorosa. Em um momento que se discute o mercado de quadrinhos diante da obra digital e dos e-readers, a Caderno Listrado apresenta um trabalho primoroso, que valoriza o seu suporte.

A tiragem do livro é de 150 exemplares numerados. Mas o processo de produção - que pode ser visto neste vídeo de divulgação - explica a razão da tiragem reduzida e, por consequência, do alto preço.

Tudo foi colado e costurado à mão, a impressão é em serigrafia, a capa é de tecido, o processo é artesanal, gerando um produto muito bem acabado e como pouco se vê no Brasil na área de quadrinhos. Ou seja, a edição em si, é uma obra.

Forma aliada a conteúdo, não é de hoje, dá bom resultado.