MARTIN MYSTÈRE # 14
Título: MARTIN MYSTÈRE # 14 (Mythos Editora) - Revista mensal
Autores: Alfredo Castelli & Elio Ottonello (roteiro) e Gaspare e Gaetano Cassaro (desenhos).
Preço: R$ 5,50
Número de Páginas: 128
Data de lançamento: Setembro de 2003
Sinopse: O Tesouro das Sete Cidades - A morte de um obsessivo estudioso da vida de Cristóvão Colombo leva Martin Mystère a descobrir novas e intrigantes evidências a respeito da biografia do explorador genovês. Teria Colombo visitado o novo mundo muito antes do que contam os livros de História, em busca de um tesouro fabuloso há muito esquecido?
Positivo/Negativo: Os fãs do Detetive do Impossível continuam acumulando motivos para comemorar. Este número traz sensíveis melhorias, aumentando as esperanças de que, dessa vez, o bom e velho tio Martin tenha vindo pra ficar em terras brasileiras.
Após duas edições com apenas 80 páginas cada, a Mythos se redime com uma aventura completa em 128 páginas (e o melhor: sem aumentar o preço), seguindo o exemplo da editora Record, que tinha por hábito variar a estrutura de acordo com o tamanho da história publicada.
Além disso, um cuidado maior foi tomado com o acabamento: o logotipo na capa ganhou um colorido mais vistoso e também foi incorporado ao rodapé das páginas. Impressão, encadernação, revisão de texto, tudo como manda o figurino. Um destaque merecido vai para a matéria especial sobre a tentativa da editora Dark Horse de introduzir o personagem nos Estados Unidos, em 1999, com o nome de Martin Mystery.
Já não era sem tempo essa tomada de consciência da Mythos para com seus títulos Bonelli. Enquanto Mágico Vento teve, desde o lançamento, o mesmo cuidado editorial que os vitoriosos Tex e Zagor, facilitando assim sua aceitação pelo leitor brasileiro, as demais revistas - Martin Mystère, Dylan Dog, Nick Raider e Mister No - ficaram meio que jogadas à própria sorte, passando por inúmeros altos e baixos e até temporadas bimestrais.
Não que Mágico Vento não mereça o tratamento especial. Pelo contrário, merece e muito. A série de Gianfranco Manfredi é, sem dúvida, o melhor título Bonelli publicado atualmente no Brasil. Mas isso não significa que os outros tenham que ser relegados a segundo plano.
Felizmente, as coisas parecem estar entrando nos eixos. É interessante que todas essas melhorias editoriais tenham acontecido exatamente no número 14. Afinal esta é a edição que bate a marca obtida pela editora Globo, que publicou 13 números de Martin Mystère entre novembro de 1986 e fevereiro de 1988.
Recentemente, o moderador da lista de discussão Bonelli HQ, José Ricardo do Socorro Lima, sugeriu que o número 18 (que baterá a marca da editora Record) seja uma edição comemorativa, com mais páginas e trazendo a publicação de algum dos álbuns especiais do Detetive do Impossível.
Uma idéia excelente, que a Mythos deveria estudar com carinho. Fica aqui a sugestão de que a aventura escolhida seja Xanadu, épico de 256 páginas, publicado na Itália no Albo Gigante # 2, no qual Martin Mystère e seu inimigo Sergej Orloff procuram pelo Santo Graal. Essa história traz o desfecho do episódio Agarthi, que saiu por aqui no número 13 da série da Record. Um lançamento assim faria a alegria tanto dos fãs novos, quanto dos antigos.
Sobre o episódio desta edição, é um dos mais interessantes publicados até agora, embora a quase absoluta falta de ação possa causar estranheza aos leitores não acostumados com o estilo de Alfredo Castelli. A reconstituição dos fatos a respeito da teórica primeira viagem de Colombo à América se dá de maneira bem realista, por meio de depoimentos de estudiosos, leituras, deduções, arqueologia de verdade, nada de "estilo Indiana Jones".
Quem está acostumado com o ritmo vertiginoso das HQs americanas, provavelmente, vai torcer o nariz. Entretanto, quem se deixar levar pelo sabor de mistério se deliciará. O episódio reúne boa parte dos elementos que fizeram de Martin Mystère uma série tão especial: a descoberta de cartas geográficas com séculos de idade, mas misteriosamente desenhadas com técnicas modernas; mosteiros antiqüíssimos que escondem segredos fabulosos do passado; combinações insólitas de elementos aparentemente díspares (o que levará o leitor a se perguntar, por exemplo, o que tem a ver a lâmpada de Aladim com as viagens de Colombo); enfim, um verdadeiro show para fãs que se permitem à paixão pela História e ao fascínio pelo desconhecido.
A trama só perde impacto perto do final, exatamente quando abandona o estilo científico/realístico e parte para a fantasia propriamente dita. Não que isso seja necessariamente ruim, mas, nesse caso, a solução final pecou por uma certa falta de originalidade e, convenhamos, um excesso de absurdo. Mas essa escorregada não chega a comprometer o conjunto.
Uma coisa curiosa: no número anterior foi anunciado o episódio O Mistério de Nurague para esta edição. Não há nenhuma explicação do porquê da mudança.
Teria a estréia de Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra alguma coisa a ver com isso? Afinal a capa lembra muito o filme com Johnny Depp. Se foi alguma estratégia da Mythos para atrair leitores, pode acabar causando um resultado contrário, já que o miolo da revista não tem absolutamente nada a ver com a capa: nada de esqueletos, nada de aventuras num navio pirata, na verdade, nada de piratas, e a natureza do tesouro é bem diferente do que se viu no filme. Mas enfim…
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