MARTIN MYSTÈRE # 15
Título: MARTIN MYSTÈRE # 15 (Mythos Editora) - Revista mensal
Autores: Pier Francesco Prosperi (roteiro) e Alessandro Chiarolla (desenhos).
Preço: R$ 5,50
Número de Páginas: 128
Data de lançamento: Outubro de 2003
Sinopse: A Pista de Nazca - Os gigantescos desenhos traçados no solo da região de Nazca, no Peru, são um dos enigmas mais fascinantes da arqueologia. Como poderia um povo que, supostamente, não tinha tecnologia para voar, fazer imagens tão perfeitas que só podem ser vistas de avião? E com que propósito?
As respostas para essas perguntas acabam surgindo quando algo inacreditável começa a acontecer: de uma hora pra outra, novos desenhos começam a surgir na planície!
Positivo/Negativo: Mais uma edição caprichada da Mythos, mantendo o padrão do número anterior e fundamentando um tratamento editorial mais cuidadoso para o Detetive do Impossível e demais títulos Bonelli.
A aventura deste mês foi produzida pela mesma dupla que criou a nefasta Retorno a Lilliput (MM #11), porém, o resultado foi muito melhor. Embora Prosperi não consiga manter o mesmo nível de Castelli nos roteiros, é inegável que a idéia central dessa HQ foi uma das sacadas mais interessantes da série, e perfeitamente integrada à mitologia da guerra de Atlântida e Mu, presente desde os primeiros episódios.
O mistério das pistas de Nazca é um dos mais interessantes da chamada "Arqueologia Misteriosa"; e a solução de Prosperi não é nem mais e nem menos delirante do que as inúmeras "teorias" levantadas através dos anos, tanto por cientistas sérios e respeitados quanto por malucos em geral.
O roteiro suficientemente bem amarrado, calcado num realismo cuidadoso, ajuda o leitor a "suspender a descrença" e viajar com as teorias malucas e fascinantes do bom e velho tio Martin.
O resultado é uma HQ divertida e movimentada que, se não tem o mesmo brilho das aventuras mais inspiradas de Alfredo Castelli, também não decepciona. Os desenhos tremendamente expressivos de Chiarolla dão o acabamento estético necessário. A partir daí, é pura diversão com os detalhes curiosos que vão surgindo a cada página, conforme o propósito dos estranhos robôs da planície da Nazca vai sendo desvendado.
Há uma única incoerência grave: fica difícil acreditar que os acontecimentos deste episódio não causariam conseqüências de nível global após o desfecho. Nas aventuras habituais, escritas por Castelli, Martin nunca consegue provas de que suas teorias a respeito de Atlântida e Mu sejam mais do que especulação, de modo que nada muda no cenário mundial, nem nos livros de História.
Agora, entretanto, inúmeras evidências ficaram disponíveis: os robôs, os destroços do satélite, sem contar que um alerta vermelho geral, que exigiu a intervenção do presidente americano, não seria depois esquecido como uma coisa corriqueira.
No entanto, no fim do episódio, Martin simplesmente volta pra casa sem demonstrar o menor entusiasmo por ter, finalmente, encontrado provas para sua teoria mais importante. E tudo fica como se nada tivesse acontecido.
Outro problema é o excesso de americanismos na parte final, o que acaba beirando à pieguice. Infelizmente, Prosperi não é tão talentoso quanto Castelli, e acaba descuidando da verossimilhança em vários momentos. Felizmente, desta vez isso não chegou a comprometer a aventura, como aconteceu em Retorno a Lilliput.
Um detalhe: na página 23, quarto quadro, é citado o "caso dos scanners". Numa nota, a Mythos afirma que essa aventura ainda é inédita, mas essa informação é incorreta. Na verdade, essa história foi publicada no número 16 da série da Editora Record, com o título A Mente que Mata.
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