MARTIN MYSTÈRE # 18
Título: MARTIN MYSTÈRE # 18 (Mythos Editora) - Revista mensal
Autores: Alfredo Castelli (roteiro) e Corrado Roi (desenhos).
Preço: R$ 5,50
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Janeiro de 2004
Sinopse: A Seita dos Assassinos - Durante uma viagem à França, Martin Mystère se depara com o renascimento de uma antiga sociedade secreta de assassinos e acaba envolvido numa complexa trama, na qual estão em jogo o destino do mundo (ameaçado por um raríssimo alinhamento de planetas e por uma ameaça tecnológica) e o lendário mistério dos Cavaleiros Templários.
Positivo/Negativo: Uma edição muito especial, por diversos motivos. Pra começo de conversa, a Mythos conseguiu bater a marca dos 17 números publicados na década de 90 pela Record, tornando-se a editora responsável pelo título mais longevo do Detetive do Impossível já publicado no Brasil.
Os fãs do bom e velho tio Martin aguardaram esta edição com crescente ansiedade, nutrindo a esperança de que a série, desta vez, tenha vindo pra ficar e seja tão duradoura quanto na Itália. Por isso, foi de uma ironia colossal que exatamente esse número tenha sofrido um atraso tão grande em seu lançamento: quase um mês! Os leitores suaram frio, imaginando que, contrariando as expectativas, a revista tivesse sido cancelada de uma hora pra outra.
Na página 4, a editora estampou um pedido de desculpas e a promessa de que o número 19 chegaria em apenas 10 dias, de modo a regularizar a periodicidade. Faltou apenas explicar os motivos do atraso.
Segundo se apurou nos debates do Grupo de Discussão Bonelli HQ, a Mythos não teria tido culpa, e o problema teria sido causado por imprevistos no processo de envio dos originais italianos, o que acabou comprometendo a publicação do episódio originalmente programado para a edição: A Verdadeira História do Capitão Nemo, que teve de ser substituído de última hora. Se foi isso mesmo o que aconteceu ou não, só a editora pode dizer.
Mas, mesmo com o susto, a chegada deste número continua sendo um evento especial. Pena que a Mythos não aceitou a sugestão do moderador da lista de discussão Bonelli HQ, José Ricardo do Socorro Lima, de fazer desta uma edição comemorativa, contendo alguma das aventuras dos títulos especiais italianos. Em compensação, A Seita dos Assassinos é uma das melhores histórias publicadas pela editora, ao menos pelo que se pôde deduzir dessa primeira parte.
Os desenhos de Corrado Roi, um dos mais hábeis ilustradores de Dylan Dog, revestem de uma fina elegância o roteiro intrincado de Castelli. Conforme a trama se desenvolve, inúmeros elementos, aparentemente díspares, vão sendo introduzidos e, pouco a pouco, costurados de forma impecável, criando um quadro absolutamente coerente e verossímil, ainda que fantástico.
O mistério dos Cavaleiros Templários é um dos mais intrigantes da História européia e as informações fornecidas por Castelli são, em grande parte, consistentes (como de hábito na série). Da mesma forma, a trama paralela envolvendo as fitas de videoclipes mortais é cientificamente coerente, assim como as descrições dos ditos locais sagrados espalhados pelo mundo. O que todos esses elementos têm em comum, e o que a renascida Seita dos Assassinos tem a ver com isso, fica para o próximo número.
Uma curiosidade: Martin Mystère é uma espécie de alter ego de seu criador, Alfredo Castelli, e como tal torna-se porta-voz de muitas das suas opiniões. Dito isso, é divertido acompanhar o diálogo dos dois quarentões, Martin e Travis, nas páginas 24 a 30, a respeito da cultura de videoclipes dos jovens americanos. Nos resmungos dos "coroas" o leitor pode vislumbrar o fino humor negro de um escritor sempre autocrítico, que não hesita em revestir seu protagonista tanto com suas qualidades, quanto com seus defeitos, puramente humanos, na arte e na vida.
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