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MARTIN MYSTÈRE # 23

1 dezembro 2004


Autores: Alfredo Castelli (roteiro) e Angelo Maria Ricci (desenhos).

Preço: R$ 5,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Junho de 2004

Sinopse: A Verdadeira História do Capitão Nemo - Uma série de misteriosos naufrágios em diferentes países é o sinal que leva Martin Mystère a suspeitar do retorno de Robinson e a iminência de uma ameaça terrível para todo o planeta.

Positivo/Negativo: Esta edição de Martin Mystère chega às bancas envolta em um angustiante suspense. O cancelamento repentino da revista Mister No, em seu número 24, parece servir de alerta para a possibilidade de que a "bola da vez" seja o Detetive do Impossível.

A Mythos já havia encerrado a publicação de Nick Raider meses atrás, mas o recente anúncio de que o contrato com a Sergio Bonelli Comics havia sido renovado até maio de 2005 parecia indicar que os demais títulos estavam fora de perigo. Pelo visto, a coisa não é bem assim. Ao que tudo indica, a única série a salvo da lista negra (além das tradicionais Tex e Zagor) é Mágico Vento.

Para aumentar ainda mais o receio, o episódio deste mês é o fechamento de um longo arco que, ao se concluir no próximo número, não deixará pontas soltas significativas, caso a Mythos decida encerrar a revista.

Resta aos leitores cruzar os dedos e torcer para que Martin Mystère # 24 chegue às bancas com uma vistosa chamada na terceira capa anunciando a próxima grande aventura, para que todos possam respirar aliviados. Enquanto isso, nada mais resta, a não ser curtir a primeira parte de A Verdadeira História do Capitão Nemo.

E há muito pra ver, de fato. O episódio é um dos mais interessantes publicados até agora, realmente à altura da expectativa criada pelas edições anteriores. O ritmo é ágil e seguro, mesmo nas passagens de puro diálogo, e o senso de humor cínico e refinado acentua ainda mais o sabor da narrativa, lembrando os melhores episódios de Arquivo X (que, sempre vale lembrar, estreou na TV quase dez anos após a publicação dessas histórias).

Os desenhos de Ricci, que passaram por uma fase meio problemática, melhoraram sensivelmente, recuperando a elegância de sua primeiras contribuições à série. É curioso notar que ele é o desenhista que mais evidencia a idade do protagonista, dando-lhe feições que, de fato, remetem a um homem beirando os 50 anos.

Uma tendência que a Mythos parece ser contrária, pois a cada edição as traduções das falas de Martin aparentam ter sido "rejuvenescidas" para um linguajar mais próximo dos leitores jovens. Uma estratégia válida, talvez, para alavancar vendas por meio da identificação, mas é um tanto quanto bizarro ver o culto, sofisticado e quarentão Professor Mystère usar expressões como "deixa quieto" (página 70).

Merece destaque a surpreendente fotocopiadora tridimensional, aparelho fictício mas tão verossímil e cientificamente coerente, que chega a parecer fantástico que nunca tenha sido realmente inventado.

Uma novidade interessante foi a introdução de um artigo do editor Dorival Vitor Lopes sobre a Ilha de Páscoa e suas enigmáticas esculturas. Embora tivesse sido mais adequado na edição anterior (o que não ocorreu devido à falta de espaço), o texto foi muito pertinente e uma iniciativa que só deve ser encorajada. Tanto a Globo quanto a Record, quando publicavam as aventuras do Detetive do Impossível, utilizam essas matérias complementares. Já era hora de a Mythos aderir à idéia.

No geral, uma excelente edição, que instiga a ansiedade pelo desfecho no próximo número, quando Robinson colocará verdadeiramente em prática seus planos terroristas como um moderno Capitão Nemo.

E que cada fã acenda uma vela e apele para todos os deuses, santos e entidades afins para que essa não seja a última aventura do bom e velho tio Martin publicada pela Mythos. Afinal, ainda há muitas histórias a serem contadas.

Classificação:

4,0

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