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MARTIN MYSTÈRE # 24

1 dezembro 2004


Autores: Alfredo Castelli (roteiro) e Angelo Maria Ricci (desenhos).

Preço: R$ 5,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Julho de 2004

Sinopse: Ameaça Abissal - Conclusão do episódio A Verdadeira História do Capitão Nemo. Capturados por um poderoso submarino de uma civilização desaparecida, Martin Mystère, Java e Mara Marata precisam encontrar uma maneira de deter Robinson antes que ele inicie o processo de destruição daqueles que considera seus inimigos eternos.

Enquanto isso, inúmeras revelações sobre o passado desconhecido da raça humana finalmente vem à tona.

Positivo/Negativo: Suspiros de alívio. Depois do cancelamento
repentino de Mister No parecia desconfortavelmente provável que
o próximo título a ir para o cadafalso fosse Martin Mystère, até
porque a Mythos havia dado como garantida a publicação somente
até o número 24, caso as vendas não se mostrassem compensadoras.

Pra piorar o suspense, esta edição marca o desfecho da chamada Saga de Robinson, um momento ideal para interromper a série sem grandes dores na consciência.

Mas, felizmente, Martin Mystère # 25 já consta dos checklists de agosto, bem como na terceira capa desta revista. Uma nova vitória para os fãs e para a mais longeva encarnação do Detetive do Impossível nas terras brasileiras. E a comemoração poderá ser feita em grande estilo, com a conclusão de uma das mais importantes aventuras do bom e velho tio Martin.

A trama começou na edição 20,
com o episódio Mistério na Sardenha (números 34 e 35 da série italiana),
prosseguiu nos números 21
e 22
com Rapa Nui (42 e 43 na Itália), teve seu terceiro episódio, A
Foice do Druida
, publicado antecipadamente nas edições 2
e 3
(números 50 e 51 italianos) e alcançou seu clímax com A Verdadeira
História do Capitão Nemo
, números 23
e 24 (69, 70 e 71 na Itália).

Trata-se de uma história tão importante para a série quanto Dois Pais e Um Filho foram para Arquivo X. Assim como o Canceroso, no seriado de Chris Carter, Robinson revela para Martin Mystère inúmeros enigmas que foram insinuados durante anos e anos de aventuras.

De um modo ou de outro, este arco faz referência a quase toda a mitologia do universo mystèriano, especialmente a questão da guerra entre as desaparecidas civilizações de Atlântida e Mu.

Para os fãs antigos, que acompanham a revista desde a época da editora Globo, a diversão é ainda maior, embora Castelli não tenha conseguido evitar um problema recorrente a qualquer história que traz grandes revelações: não importa o quão grandiosa seja a solução, o mistério é sempre mais interessante, o que faz com que uma pitada de desapontamento macule o prazer da leitura.

É um problema insólito. Depois de tantos mistérios apaixonantes sendo construídos e emaranhados no decorrer de inúmeras aventuras, torna-se praticamente impossível elaborar uma solução que fique à altura. Não é necessariamente um defeito, é quase como um efeito colateral indesejável, mas compreensível.

E isso não diminui os méritos de Castelli ao amarrar as pontas soltas de roteiros tão intrincados e nem o fascínio dos leitores ao poderem, finalmente, apreciar as ruínas das cidades perdidas da antiga Mu, bem como ao acompanhar um relato claro e linear de todos os detalhes sobre a guerra permanente e suas conseqüências. Tudo isso eficientemente ilustrado por um Angelo Ricci de volta a sua boa forma habitual.

Os pontos verdadeiramente negativos da edição ficam por conta da Mythos, que ainda não publicou duas importantes aventuras mencionadas no presente episódio: Orrore Nello Spazio (edições 19, 20 e 21 da série italiana), na qual Martin Mystère encontra a mítica Torre de Babel, e Viaggio Nel Futuro (números 24, 25 e 26 na Itália), que além de trazer importantes elementos a respeito da guerra de Atlântida, conta com a participação do arquivilão Sergej Orloff. Ao menos esta última ganhou uma nota de rodapé prometendo sua publicação (página 65).

Pra piorar, a editora cometeu um deslize absurdo na nota da página 41,
ao referir-se ao episódio A Foice do Druida como tendo sido publicado
no número 4,
quando o correto seria nas edições 2 e 3! Parece até que a Mythos
não tem familiaridade nem mesmo com as histórias que já editou!

Mas tudo bem, por ora é possível perdoar essas mancadas enquanto se celebra a permanência do Professor Mystère nas bancas.

Uma curiosidade: existe ainda mais um episódio envolvendo a Guerra Permanente, a Grande Mãe e Robinson, uma história chamada La Donna Immortale, publicada nos números 79 e 80 italianos. Mas esse capítulo não foi escrito por Alfredo Castelli e talvez seja apenas um prolongamento sem grandes atrativos. Mesmo assim, seria interessante se a Mythos o publicasse algum dia. E não é preciso pressa. Afinal, ainda há muitas aventuras atrasadas esperando uma chance para vir à luz.

Classificação:

4,0

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