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MARTIN MYSTÈRE # 26

1 dezembro 2004


Título: MARTIN MYSTÈRE # 26 (Mythos Editora) - Revista mensal

Autores: Pier Francesco Prosperi e Alfredo Castelli (roteiro) e Gaetano e Gaspare Cassaro e Giovanni Freghieri (desenhos).

Preço: R$ 5,90

Número de Páginas: 96

Data de lançamento: Setembro de 2004

Sinopse: O Gênio do Mal - Conclusão do episódio Na Terra dos Dogons - O Detetive do Impossível finalmente encontra o misterioso Ono Rourke e desvenda a verdade sobre sua origem, bem como sobre a raça alienígena da qual os Dogons devem sua cultura.

Dias de Pesadelo - Enfraquecido em uma cama num quarto imundo, sem se lembrar de como foi parar lá, Martin Mystère rememora um bizarro caso envolvendo pessoas que, aparentemente, rejuvenesceram após terem sido dadas como mortas, o que leva o Detetive do Impossível a suspeitar do retorno de um de seus mais terríveis adversários: Mr. Jinx.

Positivo/Negativo: Uma edição desigual, devido à diferença de qualidade entre as duas histórias. Pra variar, Prosperi desaponta novamente no desfecho de Na Terra dos Dogons. Das três histórias desse escritor publicadas anteriormente no Brasil, duas foram meramente rotineiras (Abominável Criatura - MM # 8, da Record, e A Pista de Nazca - MM # 15, Mythos) e uma foi um completo desastre (Retorno a Lilliput, MM # 11, Mythos).

Na Terra dos Dogons fica no meio termo. A primeira parte, repleta de interessantes informações a respeito dessa cultura tão incomum e com um desenvolvimento de roteiro até inspirador, naufraga feio em sua conclusão, óbvia, pouco inspirada, decepcionante.

Prosperi não tem a mesma veia de Alfredo Castelli e parece não se preocupar nem um pouco com detalhes como verossimilhança e originalidade. Se a história tivesse sido publicada na década de 1950, sua ingenuidade fantasiosa poderia até ser considerada um charme, mas como não é o caso, é apenas boba.

Em compensação, o episódio Dias de Pesadelo é um verdadeiro show. Desde as primeiras páginas já prende a atenção com um prólogo inusitado envolvendo um acidente de carro que os fãs mais antigos certamente vão reconhecer. Trata-se de uma reprise dos momentos finais de Tempo Zero, episódio publicado no número 14 da Record, a primeira aparição de Mr. Jinx, um dos mais interessantes vilões da série.

Jinx, um personagem pitoresco, com trejeitos, vestes e cavanhaque "mefistofélicos", é uma espécie de "demônio tecnológico", um brilhante cientista, de rara inventividade e nenhum escrúpulo, que dedica a vida a desenvolver tecnologias que permitam realizar os anseios mais profundos do ser humano. Evidentemente, por um preço salgado!

O problema é que os "tratamentos" de Jinx quase sempre provocam danos irreparáveis nos infelizes milionários que pagam para ter ser sonhos realizados.

Dias de Pesadelo é a segunda aparição do personagem. A Mythos, que nos seus primeiros números dava pouca importância à cronologia (não que dê muita agora, mas pelo menos a bagunça diminuiu), publicou na edição 7 o quinto episódio com o vilão:Recordações Sem Fim.

Tanto na época quanto agora não houve a menor preocupação em preparar um pequeno texto explicativo para situar os leitores novos. Felizmente, no caso da presente história, há tantos elementos interessantes na narrativa que saber de antemão a identidade do adversário não chega a ser um pré-requisito.

A trama merece destaque por abordar de forma mais profunda os conflitos íntimos do protagonista, algo bastante raro na série, que é mais calcada (por motivos óbvios) em suas aventuras. As reflexões de Martin a respeito de sua vida, sua idade, seu comportamento, são tocantes e ressoam particularmente em qualquer pessoa cuja carreira também seja fora do padrão geral de emprego e família.

É fascinante observar que Mystère tem, de fato, envelhecido com o passar dos anos, e isso se reflete em suas histórias. O diálogo com Diana, resultando na separação do casal, é forte e bem construído, ainda que já saibamos de antemão que os dois voltarão a ficar juntos. A despedida melancólica nas páginas 44 e 45 é particularmente memorável.

Com todos esses elementos, o episódio sozinho consegue segurar a nota da edição e aumentar a ansiedade pelo desfecho no próximo número. Esqueça a historinha boba de Prosperi e concentre-se na ótima trama de Alfredo Castelli. Os desenhos elegantes de Giovanni Freghieri são um atrativo a mais.

Classificação:

4,0

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