MARTIN MYSTÈRE - O DETETIVE DO IMPOSSÍVEL # 12
Autores: Alfredo Castelli (roteiro) e Enrico Bagnoli (Henry).
Preço: R$ 5,50
Número de páginas: 80
Data de lançamento: Julho de 2003
Sinopse: O Castelo dos Horrores - Martin Mystère é procurado por um certo William Dippel, um homem que acredita ser descendente do alquimista que teria servido de inspiração para Mary Shelley escrever o célebre romance Frankenstein.
Contratado por Dippel, Martin, acompanhado pelo fiel Java e por Diana,
parte numa viagem pela Alemanha em busca de pistas que podem provar que
a criatura de Frankenstein realmente existiu.
Positivo/Negativo: Três grandes motivos de comemoração para os fãs do Detetive do Impossível. 1) Martin Mystère alcança a marca dos doze números, originalmente proposta pela Mythos. 2) A aventura do mês continua no próximo número, confirmando assim a intenção da editora em dar continuidade ao título. 3) O episódio é um dos mais interessantes publicados nos últimos meses.
Nem tudo são flores, claro. A Mythos continua fazendo feio com os erros de português constantes que poderiam facilmente ser evitados com uma revisão mais criteriosa. Um dos mais irritantes está na página 13, onde aparece a frase "Hitória de Fantasmas". Faltou um "s" em "História". Um pouco mais de cuidado seria essencial.
Mas o fator negativo mais incômodo foi mesmo a diminuição no número de páginas, de 96 para 80, sem uma proporcional queda no preço. É incrível, mas parece que cada vitória que os fãs conseguem, quando se trata de Martin Mystère, tem de ser sempre acompanhada de algum senão. Espera-se que a estrutura volte ao normal quando a edição 14 chegar às bancas.
Outro fator estranho foi a escolha da capa para essa edição. Como havia apenas uma capa temática para O Castelo dos Horrores (que será utilizada no número 13), foi preciso escolher uma outra qualquer para essa primeira parte. A eleita - apesar de interessante e com uma colorização especial muito bonita - causa estranheza pela presença do arquivilão Sergej Orloff e dos Homens de Negro. Nenhum deles sequer é mencionado na trama.
Felizmente, nada disso compromete o efeito da ótima história. O tema da aventura, por si só, já é extremamente interessante e os detalhes curiosos que vão sendo tecidos por Castelli só vão tornando a coisa mais saborosa. O clima geral lembra muito os charmosos exageros melodramáticos dos velhos filmes de horror da Hammer e da Universal, especialmente na seqüência do "desafio de escritores", envolvendo Lord Byron, Percy e Mary Shelley e Polidori, cheia de gestos afetados, delírios romanescos e romantismo à flor da pele. Delicioso.
Os desenhos de Henry carregam nas referências e citações, especialmente aos filmes clássicos. A página 19 remete direto à primeira versão cinematográfica de Frankenstein, de 1933, com Boris Karloff no papel do sofrido monstro. Uma imagem que se incorporou ao imaginário coletivo da raça humana, embora seja muito diferente da aparência da criatura descrita no romance original.
Também merece destaque a arrepiante seqüência das páginas 42 a 45. Além de chocantes, os desenhos lembram muito a versão de Frankenstein produzida pela Hammer e, recentemente, lançada em DVD. Outro detalhe curioso é que o personagem William Dippel lembra bastante (em aparência e personalidade) o escritor Edgar Allan Poe.
Mas um dos grandes méritos de Castelli é mesclar o mistério da história com diferentes aspectos da imagem quase mítica do monstro de Frankenstein, tão pasteurizada pela mídia, a ponto de não assustar mais nem as crianças, mas que, quando explorada da maneira devida, pode revelar-se em todo o seu potencial filosófico, fascinante e aterrador.
Um único senão no enredo: Castelli menciona constantemente o uso da eletricidade no processo para dar vida à criatura. Um detalhe incoerente. No romance original, em nenhum momento é explicado como o Dr. Frankenstein animou o monstro. Tudo fica por conta da imaginação de quem lê. Os relâmpagos, geradores, enguias e coisas do gênero só aparecerem nas produções de cinema, bem posteriores.
No entanto, tal detalhe acaba sendo irrelevante quando comparado aos méritos da HQ. A segunda parte promete.
Será que os fãs podem, finalmente, acreditar que o Detetive do Impossível vai conseguir uma vida longa em bancas tupiniquins? Espera-se que sim.
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