Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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MARTIN MYSTÈRE - O DETETIVE DO IMPOSSÍVEL # 13

1 dezembro 2003


Título: MARTIN MYSTÈRE - O DETETIVE DO IMPOSSÍVEL # 13 (Mythos Editora) - Revista mensal

Autores: Alfredo Castelli (roteiro) e Enrico "Henry" Bagnoli (desenhos).

Preço: R$ 5,50

Número de Páginas: 80

Data de lançamento: Agosto de 2003

Sinopse: Frankenstein Moderno - Conclusão do episódio O Castelo dos Horrores. Continua a busca do Detetive do Impossível pelo laboratório secreto em que Konrad Dippel teria criado um homem artificial.

No entanto, o surgimento de um misterioso assassino pode mudar os rumos da investigação. Teria o monstro de Frankenstein realmente existido? E o mais importante: poderia ainda estar vivo?

Positivo/Negativo: Os fãs podem abrir o champanhe. Martin Mystère conseguiu superar a barreira dos 12 números originalmente proposta pela Mythos.

A editora agora se compromete (desde que as vendas se mantenham estáveis) a alcançar, pelo menos, a marca dos 24 números, superando assim o recorde obtido pela última encarnação do personagem nas terras tupiniquins: 17 edições publicadas pela Record, entre 1990 e 1992.

Talvez ainda seja cedo para afirmar, mas parece possível que, dessa vez, o bom e velho tio Martin consiga mesmo se firmar no Brasil, superando inúmeros problemas: desde o estranhamento do leitor brasileiro ao estilo peculiar das narrativas de Alfredo Castelli, até as mancadas editoriais cometidas pela Mythos (que, felizmente, estão diminuindo), passando pelo preconceito contra quadrinhos em preto e branco, capas pouco atraentes posando ao lado das luxuosas edições de super heróis e outras dificuldades.

Felizmente, os leitores parecem estar descobrindo que, debaixo de sua aparência simples, as HQs de Martin Mystère possuem uma qualidade ímpar, roteiros intrincados, rara inteligência e temáticas saborosas. O episódio desse mês é apenas um pequeno exemplo disso.

Seguindo o estilo adotado na primeira parte, Castelli continua sua divertida homenagem aos grandes clássicos do cinema de horror. Climas soturnos, gestos exagerados e melodramáticos, expressões carregadas, personagens pitorescos, tudo contribuindo para criar uma atmosfera gótica muito semelhante às lendárias produções da Hammer. O final grandiloqüente, com direito a moinho de vento em chamas e tudo, poderia tranqüilamente figurar como desfecho de um dos filmes da saudosa produtora inglesa.

Nesse contexto, coube a Mystère o papel do herói elegante e culto, típico dessas produções, que contrasta com a ignorância dos habitantes locais, ansiosos por queimar o "monstro" na fogueira.

No entanto, Castelli surpreende tanto seu protagonista quanto o leitor com uma revelação final inesperada, que acaba reforçando ainda mais o clima de homenagem, com uma batelada de deliciosos clichês.

Um merecido destaque vai para os desenhos fortes de Henry, particularmente na seqüência final, na qual as expressões angustiadas de Dippel alcançam o ápice de dramaticidade.

Para quem quiser se aprofundar nos aspectos mitológicos do romance de Mary Shelley (mais explorados na primeira parte da história) há um excelente artigo publicado na revista virtual Carcasse, especializada em cultura gótica: Frankenstein - A Incubação do Mal Interior.

Um único destaque negativo: o número de páginas, que caiu de 96 para 80 na edição anterior, enquanto o preço continuou inalterado. Espera-se que essa mudança não seja definitiva. 96 páginas é o mínimo que Martin Mystère merece.

Classificação:

4,0

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