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MARVEL- 40 ANOS NO BRASIL

Por Delfin
1 dezembro 2007


Título: O CIENTISTA (Independente) - Edição especial

Autores: Régis Cheker (roteiro e desenhos) e Gilvan Ribeiro (introdução).

Preço: R$ 15,00

Número de páginas: 54

Data de lançamento: 2005

Sinopse: É um grande dia para David Pestola, o cientista fã dos Beatles. Ele consegue sintetizar o Trilênio, a fonte ilimitada de energia. Contudo, quando conectado ao Ampliador Regital, Pestola descobre que pode aumentar objetos e alimentos e eliminar problemas da humanidade, como a fome no mundo.

Mas nem todos gostam do cientista, que, ao ser humilhado após tentar expor suas descobertas a Juju, o Previdente da República, resolve contra-atacar. E todo o mundo, agora, está em sérios apuros.

Positivo/Negativo: Não há qualquer registro nem de Régis Cheker e nem de sua criação em qualquer canto da internet. É uma pena. O Cientista, apesar de seus diversos problemas, é uma história que não pode ser lida com indiferença.

Explica-se: apesar dos desenhos primários, da completa falta de noção de perspectiva e de anatomia; das referências pessoais incompreensíveis; das cores mal executadas (mas, reconheça-se, heroicamente feitas sem contato digital); O Cientista é uma verdadeira avalanche de surrealismo, idéias criativas e de humor involuntário.

David Pestola é o típico cientista louco. Mas, ao contrário do estereótipo criado nos anos 30 (como meio de desacreditar o gênio científico Nikola Tesla, numa campanha insidiosa maquinada por seu rival, Thomas Edison), o protagonista é mais como um Professor Pardal do interior de um país muito parecido com o Brasil.

Suas invenções estapafúrdias e, ao mesmo tempo, geniais, poderiam mesmo mudar o mundo se fossem viabilizadas. E são idéias que permeiam o alto sonho científico: a fonte ilimitada de energia, o mecanismo capaz de ampliar objetos até limites inimagináveis, veículos voadores pessoais e não-poluentes, estações e naves espaciais de fácil acessibilidade.

E cada uma dessas idéias entra na história de modo quase dadaísta. A tal ponto que, em determinado momento, é impossível prever o que poderá acontecer. O que é louvável.

Os personagens são um capítulo à parte. Além do solitário Pestola, há outras figurinhas carimbadas. O misterioso Flavão, que todos conhecem e que não faz absolutamente nada para a história prosseguir. Juju, o Previdente da República e dono das Empresas Fé, que "removem montanhas desde 2003" para o progresso da nação. Cristina Machado, a mulher que Juju, sem motivo algum, larga nua no meio da rua e que é salva por Pestola - que obviamente é apaixonado por ela. O Numerador, que tem o dom de saber o número de cada pessoa (seja lá o que isso signifique). O poderoso Zero, a alma da Terra e maior ser vivente do universo. E todos interagem com as invenções malucas, dramas pessoais e sonhos doentios de vingança completamente sem sentido.

Ao contrário do que se possa pensar, o roteiro não é nem um pouco confuso. Só é tão nonsense que, de repente, parece fazer todo o sentido, por mais que se questione sua qualidade. E é hilário. Como não rir de frases como "soldados aditivados com sambex", "a espaçonave é atingida por um míssil aleatório", "confiem em mim, senhores, e teremos Luc Orient nas mãos" (!), "o BIX-A-52 é catapultado pelo platinado da guitarra do George Harrison", "Esse maço de cigarro de maconha está fazendo tic-tac!", entre diversas outras?

Vale destacar as presenças especiais de Jesus Cristo, do Titanic, do World Trade Center (esses dois para fins comparativos) e, na última página, o homem-bicentenário Oscar Niemeyer passando um sabão em Juju, o vilão da vez.

Também vale citar a boa introdução de Gilvan Ribeiro, num texto digno e que acerta ao destacar o humor e o ridículo (sem sentido pejorativo) como pontos altos desta obra. E há ainda um "intróito" de uma página, para poder "inteirar 50". O que é curioso, já que o miolo possui absurdas 54 páginas, um número com o qual é impossível fechar qualquer caderno em um processo gráfico convencional (é preciso que as páginas sejam múltiplas de 4, 8 ou 16). Mas como o convencional não se encontra nesta obra...

Os erros de português? Existem, sim. Mas, no meio de tudo isso, são realmente um problema menor.

Algo que não se pode deixar de pensar, após algumas leituras, é o que aconteceria com O Cientista nas mãos de um bom editor e um desenhista competente. Poderia ser surpreendente.

Ficou curioso? Pois este quadrinho é mesmo uma curiosidade e só pode ser adquirido direto com o autor, morador de Juiz de Fora, pelo e-mail rcheker@terra.com.br. Isso, claro, se David Pestola ou Juju não tiverem feito nada contra ele.

Classificação:

4,0

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