MARVEL APRESENTA # 14 - WOLVERINE: ILHA X
Título: MARVEL APRESENTA # 14 - WOLVERINE: ILHA X (Panini
Comics) - Revista bimestral
Autores: Bruce Jones (roteiro) e Jorge Lucas (desenhos).
Preço: R$ 7,50
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Outubro de 2004
Sinopse: Em um dia de folga, Wolverine visita um parque de diversões com sua filha adotiva, Amiko. Mas durante o passeio, o jeito agressivo e a postura intransigente do mutante entram em conflito com a recém-adquirida adolescência da menina. E isso levará o baixinho canadense a uma complexa aventura de aprendizagem.
Positivo/Negativo: Com seu trabalho na revista do Hulk, Bruce Jones provou ser um roteirista de talento. Capaz de combinar perfeitamente passagens de aventura com situações mais dramáticas e humanas, agradou público e crítica contando histórias simples, pensantes e, principalmente, eficientes. Era o roteirista de que a Marvel estava precisando.
Dito isso, fica difícil entender por que Jones entrega um trabalho tão fraco nesta minissérie (lançada nos Estados Unidos em 2003, aproveitando o sucesso do filme X-Men 2), que parecia sob medida para ele.
A trama tem tudo de que o roteirista precisa: um herói selvagem (Wolverine) precisando domar a si mesmo, um vilão exageradamente poderoso que precisa ser detido com o cérebro (em vez dos músculos), coadjuvantes misteriosos, uma subentendida busca por redenção e, finalmente, um personagem-chave que desencadeia e motiva a ação (a sempre mal-aproveitada Amiko).
Com cinco edições para desenvolver o roteiro, Jones poderia ter feito um grande trabalho, mas errou feio ao abandonar a coesão em nome de uma trama mais grandiosa - e, conseqüentemente, muito mais propensa a desabar.
A tal "insólita viagem de autoconhecimento" (como a Panini divulgou a história) acaba se tornando um cansativo, complicado e pretensioso drama existencial em que Wolverine nada mais faz do que enfrentar espectros de seu subconsciente em uma ilha perdida.
A trama só faz repetir a si mesma, num vaivém em que a única coisa que se sabe é que o mutante canadense tem de vencer o monstro que assola o lugar. De resto, há apenas pedaços de enredo jogados a esmo que, muito mal-explorados, não levam o leitor a lugar algum.
Jones, que já trabalhou com cinema, parece querer ser David Lynch ao tentar aplicar charme ao bizarro, mas comete equívocos ao rebuscar demais o roteiro e "intelectualizar" demais a obra para um Wolverine que, assim como o de Frank Tieri, é tão raso quanto um pires.
E como é pretensão demais para história de menos, sobram perguntas (os habitantes da ilha eram o quê, afinal? Alucinações? Projeções mentais?) e faltam respostas. Em uma trama de "autoconhecimento", são ausências que fazem toda a diferença.
Por outro lado, a arte de Jorge Lucas não poderia estar melhor. O desenhista passa a revista inteira brincando com a narrativa: muda a todo instante o tamanho dos quadrinhos, faz cenas apenas verticais ou horizontais, sobrepõe quadros pequenos a uma grande imagem principal, abusa das páginas inteiras, insere retângulos e quadrados isolados para dinamizar a ação, entre outros. Seus traços sóbrios e atraentes também contribuem.
Há duas ou três mancadas (repare como, entre as páginas 110 e 111, a diferença de altura entre Logan e a criatura diminui vergonhosamente), mas nada que arranhe o todo. Com os devidos créditos às bem aplicadas cores de Oscar Carreno, é a arte quem salva da inutilidade essa indigesta aventura sem sentido.
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