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MARVEL APRESENTA # 4: THOR - TEMPESTADE DIVINA

1 dezembro 2001

Marvel Apresenta #4
Título: MARVEL APRESENTA # 4: THOR - TEMPESTADE DIVINA (Panini
Comics
) - Revista bimestral

Autores: Kurt Busiek (roteiro) e Steve Rude (desenhos).

Data de lançamento: Março de 2003

Preço: R$ 5,50

Sinopse: No século X, dois pré-adolescentes escandinavos ouvem e maravilham-se com as míticas aventuras de Thor, o deus de trovão, ao mesmo tempo em que recebem suas primeiras lições sobre ética!

Positivo/Negativo: Quantas crianças hoje em dia têm o privilégio de apenas ouvir uma história? Pense o quanto a atenção delas é desviada por sons e imagens rápidas e fugidias da indústria da cultura contemporânea.

Face a tanta informação veiculada simultaneamente, pode-se afirmar que pouco (ou nada) é assimilado ou, em menor proporção ainda, trabalhado pela imaginação infantil!

Imaginação, eis a palavra-chave e mágica para uma criança, cuja infância é o período vital para o desenvolvimento de sua capacidade de abstração, a partir de sua capacidade de imaginar!

Não sejamos ingênuos, tampouco tolamente românticos: computadores, videogames e antenas parabólicas são novos e eficientes instrumentos de comunicação de idéias (imagens, sons e palavras), com os quais qualquer tentativa de propagação de um discurso deve lidar e dominar.

O desafio, como sempre, é o da criação. A cada mês há uma nova, mais rápida e barata ferramenta de comunicação no mercado, mas onde está a inventividade para estes novos discursos?

Os futuros roteiristas, desenhistas e programadores terão sido criados e educados para pensar e imaginar, ou simplesmente irão repetir e copiar descaradamente propostas dos velhos mestres do passado?

O presente questionamento aplica-se não só às HQs, mas a outras linguagens, como cinema, música e videogames.

Você, aí do outro lado do monitor, já se deu conta como quase tudo costuma ser recorrente no mundo das HQS, cinema e games? A indústria cultural pouco ousa, pois subestima o jovem consumidor e, por outro lado, por questões coorporativas, pouco arrisca, por temer não atingir estratosféricas margens de lucro!

Uma tese que merece maior discussão é a queda das vendas de HQs e a falta de coragem intelectual neste meio!

O presente lançamento da Panini suscita tal questionamento por trazer para as páginas deste gibi uma situação desconhecida para tantas crianças: um contador de histórias incentivando a imaginação de dois jovens pré-adolescentes, por narrativas míticas.

No mundo antigo clássico e medieval, aedos, vates e rapsodos percorreram a Europa, o velho mundo, cantando a história de deuses e heróis, com a música fornecida por flautas e instrumentos de corda.

O mítico Homero, o paradigma de aedo, educou a Grécia, e por extensão o Ocidente, com as aventuras de Aquiles e Ulisses, respectivamente, nos poemas épicos Ilíada e Odisséia. Da Roma imperial, Virgilio, inspirado pelo mesmo Homero, legou-nos as aventuras de Enéias, na fenomenal Eneida. Do período medieval, os bardos povoaram o imaginário de então com as aventuras e desventuras de Lancelot, Tristão, Rolando etc.

O maior mérito de Thor: Tempestade Divina é apresentar ao jovem esta possibilidade de sonhar "desplugado" e sem maiores recursos. Revelar as maravilhas da livre imaginação e a atenção para ouvir até o respeitoso e sábio silêncio.

O roteiro acaba por muito prometer e pouco oferecer. O principio é bastante interessante, mas a realização é nada inspirada e pouco corajosa!

Os desenhos de Steve Rude têm a clara e salutar pretensão de homenagear o mestre Jack Kirby. Homenagem pífia, pois já na segunda página o truque não funciona mais. A mera cópia pela cópia torna-se entediante e, pior ainda, uma repetição superficial e nada criativa: do décor, cores, luzes, sombras e enquadramentos. Tudo é tão previsível, que melhor seria ousar e combinar estes elementos a outras propostas estéticas!

Escapa ainda a esta homenagem de Rude o grotesco dos vilões de Kirby e o ritmo que o mestre, como ninguém, sabia imprimir para suas criações.

O roteiro de Kurt Busiek é apenas correto e nada inventivo. Para um personagem tão ambíguo como o Thor, não seria interessante explorar mais o choque cultural entre o multicultural mundo contemporâneo e o caráter conservador e inflexível do deus do trovão?

Classificação: - Fernando Viti

 

Classificação:

4,0

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