MARVEL ESPECIAL # 7 – NAMOR
Autores: Matt Cherniss, Peter Johnson (roteiro) e Phil Briones (arte).
Preço: R$ 14,90
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Maio de 2008
Sinopse: Depois da Guerra Civil e da descoberta de que Namor mantinha agentes infiltrados nos Estados Unidos, aumentou seriamente a desconfiança do governo em relação à Atlântida.
A situação se agrava quando rebeldes atlantes começam a promover ataques terroristas e Tony Stark é forçado a liderar a S.H.I.E.L.D. numa ofensiva contra Atlântida.
Agora, Namor terá que deter os rebeldes, impedir um Golpe de Estado e proteger seu povo do iminente ataque norte-americano.
Positivo/Negativo: Quantas revistas de super-heróis alardeiam por aí histórias que mudarão para sempre o rumo de um personagem? No final, quantas realmente cumprem essa promessa?
Com a necessidade de manter o número de vendas num patamar lucrativo, as editoras tendem a falar demais sobre mudanças que, no frigir dos ovos, acabam sendo uma grande decepção. Mas no caso de Namor foi exatamente o contrário.
Pouco se falou dessa revista e, teoricamente, ela não passava de um respingo da Guerra Civil na cronologia do personagem - tanto que muita gente não deve nem ter dado bola para a história.
Mas, por incrível que pareça, esta edição de Marvel Especial muda radicalmente o status de Namor e Atlântida no Universo Marvel.
Para quem não leu ainda a revista, vale um alerta: a narrativa é bem truncada. Os roteiristas optaram por contar a história em dois tempos, alternando constantemente passado e presente até chegar a um ponto comum.
Esse recurso narrativo funciona algumas vezes, mas se aplica muito melhor em tramas curtas. Nesta edição, em seis partes, fica cansativo e chega a ser confuso em alguns pontos, principalmente para quem não lê tudo de uma vez (no Brasil, a história foi publicada numa edição compilada, mas originalmente saiu em um título mensal, o que deve ter sido bem chato para os leitores).
Ao menos o desenho é competente. Juntando isso a algumas cenas bem interessantes, como a luta com o Venon (que arranca duas das asinhas dos pés de Namor), no geral compensa, principalmente pelo resultado da história.
Aliás, retomando o que foi escrito no começo deste texto, o verdadeiro destaque é o desfecho de Namor e dos atlantes (se você tem alguma intenção de ler a revista, talvez valha a pena parar a resenha aqui e voltar depois).
O Namor sempre teve seu papel na realeza submarina, mas passou por muitas fases distintas. Já lutou na guerra ao lado do Capitão América, foi empresário, perdeu a memória e vagou pelo mundo, virou coadjuvante do Quarteto participando de um triângulo amoroso, entre diversos outros pequenos destaques no Universo Marvel.
De uns anos para cá, ele ficou muito marcado pelo seu lado "Imperador de Atlântida". Namor era sempre caracterizado como um tirano (justo ou não, isso não vem ao caso nas tiranias) com direito hereditário sobre seu povo e, teoricamente, sobre a maior parte do planeta, os Oceanos.
Em todas as suas aparições sempre ganhavam destaque sua imponência, arrogância, soberba e descaso com os outros. Namor vinha sendo retratado como uma pessoa cada vez mais fria e cheia de si. A única coisa que o diferenciava do Dr. Destino, por exemplo, era o passado de cada um.
Durante a Guerra Civil, quando foi revelado o caso dos agentes infiltrados, era de se esperar uma reação e talvez até uma guerra contra a Atlântida. Mas, dificilmente alguém imaginaria uma solução tão engenhosa para a situação.
No final da aventura, resolvendo o problema do golpe de estado engendrado por seu filho e do ataque da S.H.I.E.L.D., Namor inicia uma diáspora do povo Atlante. Usando a tecnologia criada para a infiltração em terra, os Atlantes devem se espalhar pelo globo e aguardar o momento que seu Imperador os chamará para novamente formarem uma grande nação.
Assim, enquanto o povo fiel ao Imperador se espalha pelo mundo para uma possível grande história de retorno posterior, aqueles que preparam o golpe, inclusive o próprio filho do Namor, são executados e Atlântida é destruída, levando consigo todos os seus segredos, magias e tecnologias.
Por um lado, a Marvel tirou do cenário um forte coadjuvante, porque agora Namor está dado como morto e, sem seu povo, perde sua essência como personagem. Por outro, amarrou uma ponta solta da Guerra Civil e deixou um gancho para mais uma megassaga envolvendo todo o seu universo.
No final, parece que o lado comercial da editora sempre leva vantagem, mas, às vezes, é interessante ver que ela ainda tem a capacidade de surpreender o leitor.
Classificação: