Confins do Universo 219 - Histórias de Editor # 7: É o Lobo! É o Lobo!
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MATURI

1 dezembro 2008


Autores: Vaqueiros - Luiz Elson (texto e arte);

Trombstone - Aucides Sales (texto e arte);

Traças - Cláudio Oliveira (texto e arte);

Liberdade - Márcio Coelho (texto e arte);

Pretérito mais-que-imperfeito - Ivan Cabral (texto e arte);

Pivete - Edmar Vianna (texto e arte);

Cabra Macho - Gilvan Lira (texto e arte);

As velhinhas - Márcio Coelho (texto e arte);

Zé do Mouse - Gilson Lira (texto e arte);

Mosca Zezé - Ivan Cabral (texto e arte);

Nação Zumbi - Willandi (texto e arte);

Antônio Silvino - O rifle de ouro - Emanoel (texto e arte).

Preço: R$ 5,00

Número de páginas: 32

Data de lançamento: Junho de 2007

Sinopse: A antologia de quadrinhos potiguares inclui as seguintes histórias:

Vaqueiros - Um animal desgarrado afeta a rotina dos vaqueiros.

Trombstone - Nas tiras, a falta de dinheiro vira tema de humor.

Traças - Traças são influenciadas pelos livros que comem.

Liberdade - Um ladrão de galinhas tenta fugir de uma prisão de segurança máxima.

Pretérito mais-que-imperfeito - Num mundo pós-apocalíptico, defecar pode se tornar um problema.

Pivete - Uma criança pobre desafia as ruas.

Cabra Macho - Para agradar a namorada, um rapaz tenta dar cabo de um moço que toma banho nu no rio.

As velhinhas - Nas tiras, a velhice dá o tom do humor.

Zé do Mouse - Um garoto abusa das palavras de língua estrangeira.

Mosca Zezé - Uma mosca vive o dilema da morte.

Nação Zumbi - Zumbis se erguem no cemitério. O que eles querem?

Antônio Silvino - O rifle de ouro - Dois atiradores competem: quem acerta a andorinha que está na cruz da igreja?

Positivo/Negativo: "Maturi", a palavra, quer dizer "coisa que traz alegria", diz uma explicação no miolo da revista. Tudo isso por conta do fruto verde do caju - amadurecido, ele servia de matéria-prima para o vinho do povo tupi.

Maturi, a revista potiguar, acertou no nome. Não só porque homenageia uma antiga publicação de quadrinhos do Rio Grande do Norte, bem conhecida em seu tempo, que chegou a ter distribuição no Rio de Janeiro pelas mãos de Henfil, mas também porque é mesmo uma coisa bonita de se ver.

A iniciativa é do veterano Grupo de Pesquisa da História em Quadrinhos (Grupehq), criado em Natal em 1971, que já havia criado a primeira versão de Maturi.

Em pleno boom dos quadrinhos independentes dos últimos anos, o grupo deu conta de produzir uma revista extremamente equilibrada, uniforme, que vai do começo ao fim com boas histórias.

Os estilos, é verdade, são bastante diferentes. Tanto no traço quanto nos gêneros, pois há espaço tanto para tiras quanto para histórias curtas, ou mesmo para ficção científica, terror e tramas regionalistas - muitas delas com uma dose de bom humor.

Mas o fato é que, na hora de bater na tecla da qualidade, não se flagra quase nenhuma disparidade. Não dá sequer para destacar alguma história em detrimento das outras.

Nação Zumbi, por exemplo, tem uma arte impressionante. Por ser mais sombria, usa o recurso do chiaroscuro para arremessar o leitor em um universo de terror. Mas não fica atrás de Pivete, de Edmar Vianna, que tem um traço inspirado em artistas como Henfil - e até no Rango, de Edgar Vasques.

Em outra tentativa de comparação, o cinismo poético de Liberdade é diferente do humor escrachado, até mesmo escatológico, de Pretérito mais-que-imperfeito. São vertentes diferentes, mas o resultado é igualmente bom.

As histórias de temática regional também mantêm nível e cultuam diferenças. Se Cabra Macho é divertida, Vaqueiros é um retrato da vida real. Em ambos os casos, o cenário é potiguar, mas a pegada é global.

Nem tudo é perfeito, claro: de vez em quando, fica-se com a sensação de que o texto podia ser mais bem trabalhado para fluir melhor. Em certas páginas, fica para trás um traço a lápis mal apagado depois do nanquim. São detalhes, sim, e não estragam de forma alguma a revista. Mas, em uma obra tão caprichada, não custa ser obcecado pelo zelo.

Com edição competente e seleção de histórias arguta, Maturi é um bom retrato da bela produção de um estado. Uma pena que a comissão do HQ Mix não tenha indicado nem a publicação nem seus autores a nenhuma das categorias de melhores independentes de 2007. Merecia.

Classificação:

4,0

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