MATURI # 1
Autores: A fera da vila - Marcio Coelho (texto e arte) e Teo Duarte (parte da arte-final);
Uma lembrança; mil saudades - Wagner Freitas, Wanderline Freitas (texto) e Wolclenes Freitas (arte);
Feira livre - Gilson Lira (texto e arte);
Água maldita - Emanoel (texto e arte);
Brincadeira de criança - Ivan Cabral (texto e arte);
Uma questão de pontos de vista - José Veríssimo (texto e arte);
De pai para filho - Luiz Elson (texto e desenhos) e Carlos Alberto (arte-final).
Preço: R$ 7,00
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Abril de 2008
Sinopse: Em nova fase, a antologia de quadrinhos do Rio Grande do Norte apresenta as seguintes histórias:
A fera da vila - Um lobisomem assusta quem passa pela Praia de Ponta Negra.
Uma lembrança; mil saudades - Ex-moradores se recordam de São Rafael, cidade alagada na construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves.
Feira livre - Um feirante explica a uma moça por que não é certo dizer que o atum está caro.
Água maldita - O bando de Lampião quer beber um pouco de água.
Brincadeira de criança - Um menino se diverte com seu gado de brinquedo.
Uma questão de pontos de vista - Na época da colonização, um branco se alia aos índios.
De pai para filho - O mamulengueiro Chico Daniel vai se apresentar em uma escola ao lado de seu filho.
Positivo/Negativo: Em 2007, a edição especial de Maturi já tinha sido uma bela surpresa. Vinda do Rio Grande do Norte, retomava o título de uma velha publicação independente para apresentar a produção de quadrinhos local.
Agora, a revista é relançada em nova fase. Sem as tiras, o que é uma pena e uma perda. Em compensação, vem com oito páginas a mais, um caderno de 16 páginas coloridas no miolo, apoio da lei de incentivo Câmara Cascudo e da companhia de energia Cosern.
As cores dão uma mão e fazem crescer ainda mais o ponto forte da revista, que são os desenhos. Mesmo com a variação de estilos, a qualidade sempre fica lá no topo. Não importa se é no estilo cartunesco de Ivan Cabral, nos rostos caricaturais de Marcio Coelho ou no traço marcante de Emanoel - a arte é sempre boa. E isso já começa capa, de Gilson Lira, que é bonita demais e consegue algo raro: retratar as principais HQs da edição numa única cena.
Nos roteiros, pena, a regra não se confirma. Dá para constatar uma certa irregularidade, em especial pela ausência de punch em desfechos como o de Uma lembrança; mil saudades. Uma questão de pontos de vista também resvala quando, prestes a se encerrar, recai num clichê batido. Mas o caso mais triste é o de Água maldita, justamente porque tem um desenvolvimento primoroso, com tensão, mas, de repente, termina de supetão, quase como uma gag.
Noutros casos, os roteiros são muito bem acabados. A fera da vila é um belo trabalho - e ainda cheio de citações, como uma participação velada do bom e velho Amigo da Onça.
Outro bom exemplo é De pai para filho, que trilha caminhos mais emocionais, sentimentais, mas se dá bem.
Apesar de uns tropeços aqui e ali, o resultado de Maturi é muito positivo. Ao falar do regional em um tom universal, o Grupehq acertou e, mais uma vez, fez uma bela publicação.
Tomara que o # 1 da capa não fique só nele mesmo. Que venham o # 2, o # 3 e muitos outros. Será uma bela notícia.
Classificação: