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MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

1 dezembro 2010

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

Editora: Ática - Edição especial

Autores: Ivan Jaf (roteiro e adaptação do texto) e Rodrigo Rosa (desenho).

Preço: R$ 24,90

Número de páginas: 80

Data de lançamento: Maio de 2010

 

Sinopse

Leonardinho é o filho desordeiro e malandro do português Leonardo-Pataca. Ambos vivem todo o tipo de confusões no Rio de Janeiro da época de Dom João VI.

Positivo/Negativo

Antonio Candido e Mário de Andrade são dois dos muitos autores renomados que, ao longo da história da literatura brasileira, analisaram a obra Memórias de um sargento de milícias, único livro de Manuel Antônio de Almeida. Mário de Andrade, inclusive, a usou como base para seu maior clássico: Macunaíma.

Não é à toa que, quase todos os anos, o livro está na lista de leituras obrigatórias dos principais vestibulares do Brasil e continua sendo estudado com afinco nos colégios e universidades.

Pensando nessa importância histórica, e seguindo sua recente linha de clássicos da literatura brasileira em quadrinhos, a Ática lança esta adaptação de Memórias de um sargento de milícias, com roteiro de Ivan Jaf e arte de Rodrigo Rosa.

É o mesmo time criativo de O cortiço.

O roteiro da obra tem uma adaptação mais fiel, talvez pelo volume de texto ser menor e pelo fato de o livro de Manuel Antônio de Almeida ser mais rico em descrições, muito bem retratadas pela HQ.

A arte de Rodrigo Rosa está ainda melhor que em O cortiço. Desta vez, o quadrinhista gaúcho optou por requadros maiores e uma diagramação mais convencional. O destaque é a colorização competente, que, aliada ao expressivo traço do autor, gera belas imagens a cada página.

Há que se destacar que a adaptação da obra faz uso dos principais elementos, como o antológico início "Era no tempo do rei..." ou a cena em que o Vidigal recebe as mulheres vestido de pijama e farda.

Entretanto, algumas coisas inevitavelmente se perderam com a transposição da literatura para os quadrinhos, como, por exemplo, quando Leonardo tem um caso com a mulher do Toma-Largura, e Manuel Antônio de Almeida faz uma clara metáfora entre sexo e uma refeição com sopas e que, na HQ, ficou apenas nas sopas.

Esse tipo de perda é inevitável na transposição de um meio para o outro, mas não diminui o brilhantismo da adaptação. O trabalho editorial acompanha esse alto nível: o livro traz vários extras e explicações teóricas. Um álbum recomendado para alunos, professores e fãs de quadrinhos.

Classificação:

4,0

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