MINHA VIDA
Título: MINHA VIDA (Conrad
Editora) - Edição especial
Autores: Robert Crumb (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 49,00
Número de páginas: 136
Data de lançamento: Dezembro de 2005
Sinopse: Uma autobiografia que esmiúça desde a infância de Robert Crumb, quando tem início seu fascínio pelos quadrinhos, passando pelo auge no final dos anos 1960, até suas crises criativas da década de 1980.
Positivo/Negativo: A Conrad dá continuidade a seus lançamentos das obras de Robert Crumb com esta incensada autobiografia.
Minha Vida é um apanhado de várias fases do artista, retiradas basicamente da série The Complete Crumb Comics e do livro The R. Crumb Coffee Table Art Book. E devido a isso, a qualidade do material é irregular, ainda que bastante interessante.
Um dos momentos mais íntimos mostrados - e que também é o mais entediante - é a parceria com sua mulher, Aline Kominsky, numa história que mostra o dia-a-dia do casal.
Claro que também há inspiradíssimas tiras e constatações do autor acerca de Deus, política e outros temas mais mundanos.
E o grande mérito de Minha Vida é exatamente ir um pouco mais fundo na mente de Crumb, em seus medos, anseios e em sua visão muito particular de tudo que o rodeia.
Por sinal, alguns dos melhores trechos são os que apresentam apenas texto e nada de desenhos. E é num deles, na página 122, que Crumb dá uma boa noção do que esperar dele: "Tratando de artes visuais, é preciso revelar algo da realidade que não pode ser colocado em palavras. Qualquer artista que possa explicar seu trabalho em palavras não está no ramo certo".
Escreveu-se muito em jornais e revistas sobre a excelência deste lançamento, mas em praticamente todos não é mencionado que ele é voltado principalmente àqueles que já têm certa afinidade e conhecimento do trabalho do autor.
Pode ser um bom começo para leitores curiosos, mas não é o mais indicado, já que cair de cabeça na mente de Crumb pode ser algo que não tenha volta.
Não que seja impossível de alguém lê-lo e tornar-se imediatamente um fã, mas o material está longe da excelência de Fritz the Cat ou de Zap Comix.
Quanto à edição, há algumas expressões que foram mal traduzidas/adaptadas, como por exemplo um "Toca, Raul!" em certo momento do texto, e que deixam um pouco falso o contexto em que estão inseridas.
Também são vários os erros de digitação.
Em compensação, a diagramação e as letras feitas à mão por Lilian Mitsunaga estão, como sempre, ótimas.
Mas o destaque é a Conrad ter feito uma espécie de upgrade em relação aos outros títulos lançados do autor, e ter dado a este um acabamento praticamente idêntico ao dos encadernados de Sandman, com capa dura, papel couché e cores primorosas.
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