MIRACLEMAN # 2
Autores: Alan Moore (texto) e Gary Leach (desenhos).
Preço: não mencionado na capa
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Dezembro de 1989
Sinopse: Miracleman e Kid Miracleman travam uma batalha monumental no centro de Londres, deixando algumas pessoas mortas e outras apavoradas.
No final, um descuido de Kid Miracleman encerra a batalha.
Enquanto Mike Moran e sua esposa testam a extensão dos poderes de Miracleman, o governo britânico tenta descobrir como os super-heróis voltaram a aparecer.
Tentando arranjar algum trabalho freelance no jornal, Mike Moran é sequestrado por alguém que parece saber muito sobre o passado de Miracleman.
E numa instalação militar todos os segredos serão desvendados, pelo Sr. Evelyn Cream.
Positivo/Negativo: Na primeira parte desta magnífica história acontece o inevitável quando se trata de super-heróis: a batalha entre o herói e o vilão. Neste caso, o inimigo é o antigo parceiro mirim do Miracleman.
Vale ressaltar que, em 1982, Alan Moore fez disso um conceito novo, mas que hoje está até desgastado.
O final da batalha é decidido por um descuido do até então imbatível e inteligente Kid Miracleman, que volta à sua forma infantil.
Enquanto o mirrado, medroso e chorão Johnny Bates fica no hospital, aparentemente em choque, ocorre uma batalha dentro de sua mente, que tenta a todo custo conter Kid Miracleman, cheio de ódio e com sede de vingança.
Já Mike Moran sente-se incomodado com o fato de, ao mesmo tempo, ser e não ser Miracleman. Quando se transforma, é mais inteligente e mais bonito; quando volta ao normal, é o mesmo fracassado de sempre.
O ponto que mais o incomoda é que sua mulher está grávida de Miracleman e não dele.
Nos dois casos, o roteiro explora a incapacidade da convivência do personagem com seu alter ego. Enquanto um personagem não tem capacidade psicológica para controlar seu alter ego psicopata, o outro tem inveja do que pode realizar quando se transforma.
Tudo isso é apenas a ponta do iceberg, pois nesta edição outros ingredientes são adicionados à mistura, como a organização que parece ser a responsável tanto pelo surgimento, quanto pelo desaparecimento dos super-humanos. E também da entrada em cena do enigmático Evelyn Cream que, nas páginas finais, revela sua identidade secreta de Big Ben.
Um trecho interessante desta edição mostra Mike Moran e sua esposa indo até um campo deserto para testar a extensão dos poderes de Miracleman. O que eles usam como fonte de pesquisa? Gibis de super-heróis, que são devidamente ironizados por Moore.
Outra bela amostra do repertório narrativo do autor é dada quando Evelyn Cream interroga, num hospital, um dos terroristas da primeira edição. Queimado e surdo em função da sua proximidade durante a transformação de Mike Moran em Miracleman, o método utilizado para que ele saiba o que está sendo perguntando é escrever as palavras numa caderneta.
Então, o zoom da "câmera" sobre a caderneta vai aumentando durante o interrogatório até a frase final ser escrita, aumentado o suspense e a tensão da narrativa.
Enquanto a narrativa e os desenhos são quase perfeitos, não se pode dizer o mesmo do trabalho da Tannos. O papel utilizado nesta edição é de uma gramatura muito fina, o que causa o "vazamento" das imagens de uma página para outra. E a impressão continua irregular, forte em algumas páginas e "lavada" em outras.
O trabalho de letreiramento é lamentável. Além das letras totalmente tortas, não se tomou o cuidado de retirar a sombra da colagem dos balões traduzidos. Ou seja, em todos se vê o formato original e uma fina elipse contornando-os internamente.
Além disso, há os erros de português. Citando apenas alguns:
Página 11: "...se vamos analizar..." (analisar);
Página 14: "repórteres" e "custódia" estão grafados sem acento;
Página 16: "estávamos" está sem acento;
Página 20: "Já fazem dois meses..." (o correto é faz);
Página 24: "sáfira" (safira).
No final da edição, um texto de duas páginas escrito pelo próprio Alan Moore conta a história por trás da criação de Miracleman e todo o imbróglio envolvendo DC e Marvel.
Na terceira capa, o editor explica as suas dificuldades para produzir a revista, confessando que utiliza parceiros não profissionais e que isso seria remediado no próximo número.
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