Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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MORTE

1 dezembro 2008


Autores: Neil Gaiman (roteiro), Chris Bachalo, Mark Buckingham, Mark Pennington, Dave McKean (arte), Rick Berry, Bill Sienkiewicz, Moebius e Greg Spalenka (pôsteres).

Preço: R$ 60,00

Número de páginas: 208

Data de lançamento: Setembro de 2006

Sinopse: Um dia a cada século, a Morte deve viver e morrer como um mortal. Isto para que possa compreender melhor a si própria e àquilo que realiza.

Num desses dias, ela conhece o adolescente Sexton Furnival e as coisas nunca mais serão as mesmas para o jovem.

Por outro lado, Foxglove é uma cantora de sucesso que se vê às voltas com um drama maior do que si própria. E dependerá dela as vidas de Hazel e Alvie, as pessoas que mais ama no mundo.

Positivo/Negativo: Morte é a irmã mais velha de Sonho e também um dos Perpétuos. Diferentemente de seu irmão sisudo, calado e de poucos amigos, ela é simpática, sensível e atenciosa. É a mulher dos sonhos no corpo de uma jovem Winona Ryder.

Talvez seja assim porque a cada 100 anos deva viver uma vida mortal em meio aos homens durante um dia inteiro. Ao final desse período, ela deve morrer como qualquer outra pessoa.

Provavelmente depois de inúmeras incursões mortais, a Morte tenha compreendido as pessoas de um modo bem melhor do que seu carrancudo irmão.

Este encadernado compila as duas minisséries protagonizadas por ela: Morte - O Alto Preço da Vida (Death - The High Cost of Living) e Morte - O Grande Momento da Vida (Death - The Time of Your Life). A primeira já havia sido publicada pela Globo, em 1994, e a segunda pela Abril, em 1997.

A primeira, O Alto Preço da Vida, é também a melhor.

A Morte conhece Sexton Furnival, um adolescente como outro qualquer que tem a convicção de que não existe nada em sua vida que valha a pena. Logo, morrer seria a única opção razoável.

Por ironia do destino, ele acaba sendo salvo de um pequeno acidente com uma geladeira exatamente pela Morte. A partir daí, ambos têm um legítimo dia de turista em Nova York, conhecendo pessoas interessantes, reencontrando velhos amigos e adquirindo novas perspectivas sobre aquilo que os cerca. Tudo isto com uma participação pra lá de especial da Hettie Louca, velha conhecida dos leitores de Sandman.

Apesar de o roteiro não ser nenhum primor e ter um aspecto em especial - o que envolve o Eremita - muito mal trabalhado, Gaiman consegue manter o enredo despojado e divertido durante todo o tempo.

No entanto, o maior destaque é a arte. Mark Buckingham pode dividir os créditos com Chris Bachalo, mas é o estilo deste último que predomina em praticamente todas as páginas.

Bachalo realiza um ótimo trabalho, que tem seu ponto alto na maneira extremamente charmosa com que retrata a Morte. É impossível não se encantar com a expressão da personagem no último quadro da página 37, por exemplo.

Se texto e desenhos funcionam muito bem na primeira mini, não se pode dizer o mesmo da química da segunda, O Grande Momento da Vida.

O primeiro fator a ser notado é que o traço de Bachalo se perde em meio à arte-final de Buckingham e Pennington. Depois, Mark Buckingham, mesmo tendo um belo traço, tem o azar de suceder Bachalo, que, a bem da verdade, parecia estar em estado de graça quando fez O Alto Preço da Vida.

Apesar do esforço, percebe-se a óbvia queda de qualidade nas ilustrações. E isto se reflete também no roteiro. A trama que mostra como Foxglove "troca" o sucesso por uma vida pacata junto a Hazel e Alvie é de uma ingenuidade que beira o meramente bobo.

A premissa é muito fraca e o decorrer da trama demonstra que Gaiman não estava em seus melhores dias quando a escreveu. O adolescente Sexton, protagonista da minissérie anterior, era um tanto idiota, mas tinha apelo, um certo charme, ainda que pequeno. Já a Foxglove mostrada aqui é uma personagem sem um pingo de carisma.

Se não bastasse a parca matéria-prima, a escolha que ela e outros precisam fazer ao final é de uma pobreza ímpar e até a Morte é uma reles coadjuvante de luxo na trama.

Fora as duas minisséries, é publicada como bônus entre elas a HQ A Morte fala sobre a Vida (Death Talks About Life), distribuída em 1993 e que traz várias informações do que é e de como prevenir a Aids.

Em tempo: ao lê-la repare quantas vezes Dave McKean simplesmente esquece de desenhar o olho esquerdo da personagem com a "desculpa" do cabelo jogado.

Completam a edição da Conradas introduções assinadas pela cantora Tori Amos e pela atriz Claire Danes, um posfácio escrito por Neil Gaiman, notas sobre as curiosidades e referências que aparecem nas histórias e algumas ilustrações tiradas dos livros The Sandman: A Gallery of Dreams e A Death Gallery.

Classificação:

4,0

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