MOSH! # 4
Autores: Meu pai sempre escuta os mesmos discos! - Vinicius Mitchell (texto e arte);
Adeus ao Rock - Gustavo Alves (roteiro) e Odyr Bernardes (desenhos);
Menina Infinito - Fábio Lyra (texto e arte);
A vida é um circo - Klênio (roteiro) e Paulo Antunes (desenhos);
Perdidas - Juca (texto e arte);
Super Rock Ghost acusado de pedofilia - Fábio Monstro (texto e arte);
Beth Gibbons - Sandro Menezes (texto e arte);
Color Jet - Ofeliano (texto e arte);
Bad Karma - Renato Lima (texto e arte).
Preço: R$ 3,00
Número de páginas: 64
Data de lançamento: Abril de 2004
Sinopse: Várias histórias que têm sempre em comum alguma menção ao rock, nem que seja pequena.
Positivo/Negativo: Desde o lançamento da edição de estréia, a Mosh! vem crescendo. Não apenas em sua estrutura (pulou de 32 para 64 páginas, com o mesmo preço), mas principalmente na qualidade de suas HQs.
Quem apostava que a proposta de fazer quadrinhos ligados a rock era limitadora e que logo as idéias se repetiriam, se enganou. Isso porque os autores, sabiamente, fazem histórias de gente comum e colocam a música, muitas vezes, em segundo plano. O resultado tem sido animador.
Esta foi a melhor edição até agora. Por isso, cabe uma análise mais detalhada das HQs.
Em Meu pai sempre escuta os mesmos discos!, Vinicius Mitchell, com um desenho bacana e um roteiro enxuto, faz uma divertida brincadeira com aquela história de pessoas mais velhas sempre dizerem que, nas suas épocas, tudo era melhor.
Adeus ao Rock mostra um ex-roqueiro no fatídico momento de se livrar de sua guitarra. A retrospectiva de sua banda, que tentou todos os ritmos possíveis, sem sucesso, é muito bem sacada. A arte de Odyr Bernardes chama a atenção pela simplicidade e pela boa narrativa.
Fábio Lyra, o autor de Menina Infinito, desenha muito! Seu traço, na linha Love & Rockets, é agradabilíssimo e ele trabalha com bastante competência os contrastes de luzes e sombras. Não será surpresa se logo pintar em revistas como Front, da Via Lettera, ou Ragu.
Em A vida é um circo, a arte, apesar de ainda ter muito a evoluir, apresenta diagramações interessantes, especialmente se levarmos em conta o formato (15 x 10,8 cm) da revista. O roteiro, contudo, deixa o leitor com aquela sensação de "acabou?".
Perdidas é calcada no velho tripé sexo, drogas e rock´n roll, e tudo da maneira mais explícita possível. Talvez se não escancarasse tanto, o resultado fosse melhor. O traço de Juca é bem apropriado para o humor, mas o roteiro, no máximo "engraçadinho", ficou devendo .
Fábio Monstro, de Super Rock Ghost acusado de pedofilia, tem um traço que, de cara, parece "duro". Mas as soluções que ele encontra mudando apenas alguns detalhes (como a boca ou os olhos) de uma cena para outra chamam a atenção. O final de sua HQ é muito legal.
Beth Gibbons é outro destaque desta edição. Sandro Menezes conta uma história como tantas outras, de uma adolescente que cai na prostituição e de um cara que quer "salvá-la". O autor trabalha com precisão as expressões faciais dos personagens e, em certos momentos, consegue passar toda a melancolia da situação.
Color Jet, de Ofeliano, é uma HQ divertida, que brinca com o fato do quanto a moda pode ser esquisita. A colorização em tons de magenta, preto e laranja deu um visual bacana às páginas.
Por fim, Renato Lima, em Bad Karma, presta uma homenagem a alguns nomes do rock, numa página dividida em quatro quadros em que se destaca a colorização, com nuances de um mesmo tom.
Mosh! # 4 traz ainda uma entrevista com a banda Dead Fish, uma coluna sobre quadrinhos assinada pelo jornalista Heitor Pitombo e as divertidas Figuraças do Underground, para o leitor colecionar. A capa, assinada por Carlos D., é outro ponto alto da edição.
A revista, que já é distribuída em mais de 150 pontos do Brasil, tem tudo para continuar expandindo seus horizontes. Um detalhe legal da Mosh! é que ela é uma leitura agradável também para quem não é fã ardoroso de rock, e num formato simpaticíssimo. Três reais bem gastos.
Classificação: