Reunindo três dos maiores cascas-grossas que a Marvel já produziu, colocando-os num embate sobrenatural contra um vilão de segunda linha, dentro de uma localidade com implícitas raízes macabras, esta edição especial tem conteúdo mirrado e bem típico do que seria a estética mainstream dos anos 1990.

Amparado em um plot simples e contendo todos os elementos básicos para uma boa trama, apenas um roteiro mediano, mal aproveitado e eficientemente ilustrado, ocupa as páginas de uma publicação cujo requinte gráfico é o destaque maior.

É um típico gibi circunstancial às ideias mercadológicas da época, preocupando-se mais em agregar personagens famosos e violentos para muita pancadaria conjunta do que elaborar uma narrativa de qualidade.

A desculpa para juntar dois vigilantes famosos e um mutante raivoso é pra lá de forçada: cada um recebe um bilhete, cujo conteúdo revela fatos obscuros ou sigilosos de acontecimentos passados na vida de cada um.

Então, surge a promessa de que tudo aquilo que lhes aconteceu poderia ser mudado, desde que aceitassem ajudar o demônio Coração Negro a aniquilar seu próprio pai e senhor das profundezas infernais, Mefisto.

O porquê da escolha desse trio para realizar tal missão é explicado no decorrer da narrativa, visto que são heróis cujas atitudes são reprováveis e quase todos - à exceção do Justiceiro, um assassino por natureza - muitas vezes refreiam seus atos instintivos e violentos, mesmo já tendo matado em outras ocasiões.

Com isso, apresentam uma "área nebulosa" em suas almas, exatamente o que o vilão deseja angariar e verter para os seus fins nefastos.

Ao que parece, o filho de Mefisto não tem muita sorte de emplacar como antagonista de peso nos quadrinhos. Mesmo tendo participado de algumas histórias do Demolidor há alguns anos, sendo escalado ao lado de heróis e vilões do plantel Marvel em jogos eletrônicos de sucesso na década passada e com ocasionais aparições em outras tramas, o demônio ainda espera uma chance de ver seu potencial ampliado.

Nem mesmo o papel de antagonista no filme Motoqueiro Fantasma, em 2007, mudou esse quadro. Uma pena.

A única coisa que agrada, de fato, na obra são os desenhos de John Romita Jr. Apesar dos contornos quadriculados muitas vezes exagerados do seu lápis, ele faz um bom trabalho, suavizando um pouco seu traço e compondo ótimas sequências de ação.

Na arte-final, Klaus Janson faz o que sabe fazer melhor e colabora bastante para o resultado positivo.

Lá fora, foi feita uma continuação direta dos acontecimentos aqui narrados, intitulada Ghost Rider/Wolverine/Punisher - The Dark Design, com arte de Ron Garney, e que permanece inédita no Brasil.

Servindo como "brinde", tanto na versão estrangeira quanto na nacional, uma capa quádrupla multicolorida retrata o embate dos personagens principais. Como dito antes, bem ao estilo daqueles anos.