MULHER-SERPENTE # 1
Título: MULHER-SERPENTE # 1 (Panini
Comics) - Minissérie em duas edições
Autores: Shekhar Kapur (argumento), Zeb Wells (roteiro) e Michael Gaydos (arte).
Preço: R$ 5,90
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Agosto de 2007
Sinopse: A jovem Jessica Peterson mora em Los Angeles. Ela trabalha num boteco, o Bad Karma, divide um apartamento com a amiga Jin e descobriu recentemente que tem um novo vizinho, o vistoso Raj.
Mas há indícios de que a moça possa ser mais do que aparenta.
Positivo/Negativo: A Virgin não chega a ser uma empresa muito ativa no Brasil. Mas, lá fora, é uma multinacional com bastante importância. Simplificando, ela tem de tudo, de loja de CDs e operadora de celular a empresas de trens e aviões.
Coordenadas pelo bilionário Richard Branson, as empresas do Virgin Group tem uma coisa em comum: não importa o segmento em que atuam, todas proporcionam ao consumidor uma experiência de entretenimento. Não interessa se o consumidor vai ouvir um disco ou andar horas de trem - a Virgin tenta oferecer mais diversão que os concorrentes.
Um dos braços mais novos da Virgin é a editora de quadrinhos, que
estréia no Brasil via Panini em dois títulos: Mulher-Serpente
e 7 Irmãos, ambos da linha Director's
Cut (aqui, Versão do Diretor), dedicado a criadores egressos
do cinema.
A idéia da editora é unir a indústria norte-americana de HQs com o vigoroso mercado de artistas indianos; e soa como algo entre um misto de cruzada por novos talentos e discurso para disfarçar a prática de offshoring.
Em vez de trabalhar com nomes conhecidos no meio das HQs, a Virgin vem apostando em usar como aval nomes populares da indústria do entretenimento e misturar elementos da cultura indiana nas tramas.
As características vêm da própria composição acionária da empresa - que, além de Branson, inclui o picareta da nova era Deepak Chopra e Shekhar Kapur, criador de Mulher-Serpente.
Kapur é um diretor de cinema pouco conhecido. Seu filme mais famoso é Elizabeth, um bom trabalho lançado em 1998 sobre a vida da rainha inglesa que concorreu a um punhado de Oscar. Não parece ter nome nem força para atrair o leitor novato brasileiro. A Panini também não o valoriza: publica apenas seu nome na capa, sem dizer de quem se trata. Azar da editora, que perde a chance de atrair cinéfilos para suas HQs.
De qualquer maneira, Kapur é mais uma grife do que um criador ativo na série. No miolo, quem cuida do roteiro de fato é Zeb Wells (Jovens Vingadores, Fugitivos, Homem-Aranha). Sua Mulher-Serpente acaba o primeiro número envolta em tantos mistérios que mal dá para avaliar onde a história vai dar.
Mas o verdadeiro astro da história é o artista Michael Gaydos (Alias, Demolidor). Seu traço e sua diagramação continuam empolgantes e fazem a minissérie valer a pena.
E é na parceria com Gaydos que Wells se dá bem: ele funciona ao emular o estilo lento e cheio de diálogos de Brian Michael Bendis, velho parceiro do artista. Não chega a ser o original, mas, como clone, Wells segura a onda.
A história mostra bastante do cotidiano de Jessica, e só para o final da segunda parte é que começa a mostrar que está inserida na mitologia indiana.
Na Virgin, Mulher-Serpente é uma revista de linha. Pelo visto, por aqui a Panini resolveu testar o título no formato de minissérie, como tem feito com a linha da editora Top Cow. É um acerto, mas não custa insistir: valorizar o nome de Kapur é mais do que um favor para o leitor - trata-se de uma oportunidade de conquistar fãs de cinema.
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