MUMIN – VOLUME 1
Editora: Conrad Editora
Autor: Tove Jansson (roteiro e arte).
Preço: R$ 37,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Julho de 2010
Sinopse
Mumin é um troll encantador que vive com seus amigos e família na ilha de Moominvalley, onde a vida é simples e pacata. Será mesmo?
Positivo/Negativo
Personagens derivados da fantasia são comumente mais vendidos entre adultos, já que o público-alvo sempre recebe bem histórias recheadas de ação e pancadaria com monstros que soltam fogo pela boca - basta lembrar do sucesso da trilogia O Senhor dos Anéis nos cinemas.
A arte sequencial, porém, tem exemplos bem-sucedidos de personagens que, mesmo tendo roupagens infantilizadas, discorrem sobre questões filosóficas da vida e relações pessoais. Eles são conhecidos como alter egos de seus criadores e, dentre os mais conhecidos estão o garoto Charlie Brown, de Charles Schultz, e o dinossauro Horácio, de Mauricio de Sousa.
É por isso que Mumin nada contra a corrente. Criado pela cartunista finlandesa Tove Jansson em meados da década de 1940, Moomin (no original) é um troll que discute temas adultos, bem diferentes do fantasioso mundo de J.R.R. Tolkien.
O mais incrível é o sucesso do personagem no país de origem até os dias atuais. O simpático Mumin já teve série de televisão, figurou em diversos livros de sucesso e está com um filme nos cinemas lançado neste ano.
Jansson soube utilizar o personagem em todas as mídias. Após o sucesso de seus primeiros livros infantis, a escritora foi convidada a fazer tiras adultas para o jornal London Evening News, enviando material diário por cinco anos. São essas histórias que estão neste álbum.
As histórias narram temas bastante adultos por meio de criaturas mágicas, mas com uma roupagem bem infantil. Dos hóspedes vorazes que invadem a casa de Mumin e à ganância desenfreada de seu amigo, o ratinho Faro-Fino, até alfinetadas no sistema policial, a autora não perdoa ninguém.
Filha de um escultor com uma artista plástica, Jansson muitas vezes retrata personagens que fizeram parte da sua infância nas histórias. A mais ácida é a terceira, Mumin na Riviera, na qual a família troll passa por diversas desventuras quando está na companhia da elite intelectual e artística.
O personagem Mumin, no entanto, é sempre bem intencionado e carrega uma certa ingenuidade. Mas está longe da ignorância, já que sua inocência se dá pelo aspecto infantil, pela falta de malícia e de segundas intenções.
As histórias narradas por ele trazem essa ideia de o leitor estar observando o mundo pelos olhos de uma criança, que ao lado da mãe Mumin, dificilmente enxerga o mal ao seu redor.
O traço da finlandesa denota isso. Ao desenhar os personagens e o universo do troll de maneira simpática e pueril, ela parece passar a mensagem de que, por pior que seja a situação enfrentada por Mumin, sempre se deve encarar os problemas da forma como o ser mágico vê a vida: simples, descomplicada e feliz.
A edição nacional conta com alguns deslizes, como o erro ortográfico "maravinha" (o correto seria maravilha), na última tira da página 78. Faltou também mais esmero na hora de apresentar a obra, como um texto introdutório no começo do encadernado contando da real importância de Mumin e por que o material é considerado um clássico na Europa.
Ainda assim, Mumin é um grande passo no mercado brasileiro. Fugindo da badalação de trazer apenas materiais premiados e requisitados, a Conrad inova com este título pouco conhecido por aqui. Que venham todos os cinco volumes da série.
Classificação: