Confins do Universo 204 - Marcelo D'Salete fazendo história (em quadrinhos)
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MYSTERY IN SPACE

1 dezembro 2011

MYSTERY IN SPACE

Editora: DC Comics - Edição especial

Autores: Edmond Hamilton, Manly Wade Wellman, Robert Starr, Sid Gerson, Mort Weisinger, Gardner Fox, Otto Binder, Robert Kanigher, John Broome, Jerry Siegel, Dave Wood, Mimai Kin, Len Wein, Paul Levitz, Gerry Conway, Arnold Drake e Bruce Jones (roteiro); Jack Kirby, Virgil Finlay, Murphy Anderson, Jim Mooney, Alex Toth, Ruben Moreira, Nick Cardy, Joe Kubert, Carmine Infantino, Gil Kane, Mike Sekowski, Sid Greene, Howard Purcell, Lee Elias, Trevor Von Eden, Dan Spiegle, Tom Yeates, Brian Bolland, Frank Frazetta e Rick Veitch (desenhos); Joe Simon, Sy Barry, Joe Giella, Bernard Sachs, Murphy Anderson, Carl Potts e Tom Yeates (arte-final).

Preço: US$ 19,95

Número de páginas: 224

Data de lançamento: Setembro de 1999

 

Sinopse

Encadernado contendo histórias curtas de ficção científica, publicadas originalmente nos títulos Action Comics, My Greatest Adventure, Mystery in Space, Real Fact Comics, Strange Adventures e Time Warp, nas décadas de 1940, 1950, 1960, 1970 e 1980.

Positivo/Negativo

O namoro entre as histórias em quadrinhos e a ficção científica vem de longa data e possui uma certa tradição, que merece ser lembrada. Diversos personagens dos comics surgiram inspirados na literatura pulp do início do Século 20.

Além disso, editores e roteiristas como Mort Weisinger, Gardner Fox e Otto Binder trabalhavam tanto nos quadrinhos como na literatura de ficção científica, o mestre Ray Bradbury teve várias histórias adaptadas para a nona arte, e até os criadores do Superman, Jerry Siegel e Joe Shuster, apresentaram a primeira versão do personagem no fanzine que chamaram, justamente, de Science Fiction.

Sendo assim, não é surpresa que a ficção científica tenha sido bem explorada nas HQs, e este encadernado reúne o que de melhor foi produzido pela DC Comics no gênero ao longo de cinco décadas.

Mystery in Space conta com uma introdução do romancista Larry Niven, e está dividido em quatro capítulos: Past visions of the future, The writers and artist of DC science fiction, DC's futuristic heroes e Modern Space Opera, cada um com texto de apresentação escrito por Stuart Moore, explorando uma faceta diferente da publicação.

O resultado é uma coletânea apreciável, que permite conhecer visões de futuro saídas das mentes de alguns dos mais inventivos escritores do passado. Desfilam pelas páginas alienígenas bizarros, civilizações extraterrestres perdidas no universo, heróis destemidos e conceitos científicos inauditos, tudo em histórias curtas e diretas, nas quais se sobressai o poder da imaginação

Curiosamente, dentre os objetos explorados numa história futurista de 1948, o dominante é a televisão - e, mesmo com algumas previsões acertadas, não anteviram o fenômeno dos reality shows. Da mesma forma, há especulação sobre o que aconteceria se o sol se apagasse, a descoberta de uma cidade submersa e um safári no espaço. São conceitos simples, que surpreendem pela originalidade.

Dentre os desenhistas, há trabalhos impressionantes de nomes como Jack Kirby, Joe Kubert e Frank Frazetta, todos em boa forma. Mas o destaque mesmo são os roteiristas, trabalhando como verdadeiras máquinas de gerar ideias.

Na seção dedicada aos heróis recorrentes, há histórias dedicadas a dois velhos conhecidos dos leitores de super-heróis da DC Comics: Capitão Cometa e Adam Strange, além de Tommy Tomorrow, Knights of The Galaxy, Chris KL-99, Space Ranger, The Atomic Knights, The Star Rovers, Star Hawkins e o cult Ultra - O Multi-Alien, um alienígena formado por partes de quatro seres distintos.

Apesar da aparente proximidade com o gênero dos super-heróis, são histórias muitas vezes bizarras e inusitadas, ainda que moldadas pela ingenuidade típica da Era de Prata, que tanto fascina autores modernos como Mark Waid e Grant Morrison. Quem poderia imaginar, por exemplo, um robozinho fanático por apostas em cavalos?

A sequência de aventuras apresenta um bom panorama da evolução de estilos artísticos e visões da ficção científica. Depois da simplicidade inicial, vêm os tons mais imaginativos e maduros. E na parte dedicada à década de 80, há alguns contos sombrios e melancólicos, incluindo viagem no tempo para matar Hitler - mas com uma reviravolta inesperada - e contestação social.

É lamentável que a ficção científica tenha perdido força nos quadrinhos em tempos recentes, apesar de alguns exemplos notáveis. O título Mystery Space foi retomado há alguns anos, numa minissérie assinada por Jim Starlin, mas sem muita repercussão.

Este encadernado saiu com o selo Pulp Fiction Library, indicando que haveria outros a caminho - algo que não se concretizou. Mas isso só o torna mais único e especial, além de um item valoroso na biblioteca de apreciadores dos bons quadrinhos.

Classificação:

4,0

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