Mystik U # 1
Editora: DC Comics – Revista mensal
Autores: Alisa Kwitney (roteiro), Yishan Li e Mike Norton (desenhos), Jordie Bellaire e Serge Lapointe (cores).
Preço: US$ 5,99
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Novembro de 2017
Sinopse
Com o mundo destruído por uma entidade maligna conhecida como The Malevolence, Zatanna e Rose (a contraparte do Dr. Oculto) resolvem fazer um último e arriscado plano para impedir o triunfo do vilão.
Assim, as duas feiticeiras "resetam" o universo conhecido e o retrocedem sete anos, período no qual uma adolescente Zatanna desperta o seu dom e faz com que o seu pai, o mundialmente conhecido mago Zatara, desapareça acidentalmente.
Sem o seu mentor, a jovem é convocada por uma desmemoriada Rose para a Mystik U, uma universidade que ensina feiticeiros adolescentes a dominar os seus dons.
Nesse lugar, outros personagens, como as versões mais novas de Magia e Sargon, além do filho de Félix Fausto e a novata Pia Morales, compartilharão os seus dramas e tentarão sobreviver em meio aos perigos místicos do mundo oculto.
E tudo leva a crer que um desses novos alunos será a fonte que desencadeará o fim do mundo.
Positivo/Negativo
Com o advento dos Novos 52 – a reformulação cronológica ocorrida após os eventos da saga Flashpoint – o universo mágico da DC passou por transformações que não foram bem aceitas pelos antigos leitores.
Mesmo com o sucesso de títulos como Monstro do Pântano e a Liga da Justiça Dark, a repaginação dos elementos místicos da editora para o espectro dos super-heróis fez uma redução drástica na simbologia deste segmento e criou caricaturas turvas de muitos personagens, como Constantine, Zatanna, Desafiador e outros.
Entretanto, com a proposta editorial do Renascimento, que pretende reintroduzir elementos clássicos para criar um novo conjunto de histórias modernas, a DC parece chegar a um meio-termo que respeita a sua tradição no assunto e trabalha uma roupagem diferente para cativar um novo séquito de fãs.
Em Mystik U, a ideia é simples e criativa: gerar uma bolha dimensional que dê aos seus autores a liberdade para elaborar uma trama independente, e que não tenha medo de beber do melhor das histórias mágicas da DC Comics/Vertigo para criar uma obra que não deve nada aos atuais livros da categoria Young Adults.
Este é um caminho muito semelhante aos atuais projetos editoriais da empresa, que nos últimos anos está criando selos alternativos que coexistem com publicações da versão “canônica” e dialogam especificamente com algum público diferenciado ou até valorizam um formato distinto.
É o caso, por exemplo, de Gotham City Garage ou DC Bombshells, baseados em linhas de colecionáveis, ou o selo DC’s Young Animal, criado especificamente para uma abordagem mais alternativa de clássicos personagens e equipes.
Com isso, há em Mystik U um conjunto de personagens do setor místico da DC que, mesmo repensados para este novo universo, mantém as características principais de suas reencarnações anteriores, efetuando em alguns casos um paralelo com antigas versões suas.
E ler esta história se torna uma experiência divertida graças ao texto de Alisa Kwitney. Com fluidez nos diálogos, a autora cria um mundo novo, com personagens interessantes e bem construídos, mesclando a mitologia mística da editora com um cenário regado com dramas e incertezas do mundo adolescente.
Tudo isso em 48 páginas (quase o dobro de uma publicação mensal padrão norte-americana) que são lidas sem dificuldade, pela agilidade do texto.
Além de uma escrita bem redonda e funcional, outro destaque vem da base que a roteirista criou para a concepção da série, na qual soube efetuar escolhas pertinentes para o elenco de protagonistas e coadjuvantes que serão utilizados.
Dentre os alunos, por exemplo, protagonistas como Magia (mais conhecida no Esquadrão Suicida), Zatanna e Sargon (herói da Era de Ouro) são escolhas certas para tratar de temas como evolução pessoal ou crises existenciais.
Enquanto isso, personagens mais emblemáticos, como Mister Io, Madame Xanadu e Rose/Doutor Oculto, foram direcionados para a função de professores, lugar no qual se encaixam perfeitamente para explorar o seu potencial e sua experiência perante as artes místicas.
Isso sem contar os irmãos Caim e Abel (do mundo dos sonhos de Sandman) e o guerreiro Frankenstein (Agente da S.O.M.B.R.A.), que demonstram o amplo leque de possibilidades que a revista poderá usufruir em seus próximos números.
Na arte, Yishan Li e Mike Norton criam uma ambientação que mescla o tradicional mundo da magia da DC com outras referências da atual cultura pop. E isso acontece não somente nos cenários, mas também na caracterização dos protagonistas, conservando o mais marcante de suas versões adultas, com uma roupagem mais próxima da atual juventude e de seu mundo de influências.
Com um tom limpo e bem movimentado, a HQ tem uma narrativa ágil e moderna. Além disso, é bem agraciada com uso das cores, que são bem equilibradas e dão ênfase aos momentos e personagens certos no decorrer da aventura.
Na leitura efetuada pelo aplicativo de leitura Comixology (disponível para Android, iOS, Kindle Fire e Windows 8), as cores e o traço são bastante valorizados pelo formato digital.
A ressalva é que o aplicativo tem apenas a versão em inglês da obra, o que limita o acesso de leitura para quem conhece o idioma. O valor de US$ 5,99 é salgado por conta da diferença cambial entre as moedas, mesmo que a HQ tenha o dobro de páginas que o padrão
Com bom texto e uma arte adaptada à proposta, Mystik U valoriza o carisma de seus personagens e brinca muito com o que já foi feito na DC. Uma revista que pode ser inusitada em seu tema para alguns, mas bastante segura em sua execução e importante na busca por um novo público consumidor.
Classificação:
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