Autor: Mauricio de Sousa.

Preço: R$ 26,00 (cada um)

Número de Páginas: 192 (cada um).

Data de lançamento: 1999 e 2000

Sinopse: Coletânea de crônicas, em tom autobiográfico, publicadas por Mauricio de Sousa, entre 1996 e 1998, no jornal Diário de Mogi.

Positivo/Negativo: O grande livro sobre a vida e a obra de Mauricio de Sousa ainda está para ser escrito. Em alguns países da Europa, no Japão ou nos Estados Unidos, um autor com uma obra tão significativa e tamanha representatividade em dois campos da cultura (os quadrinhos e os desenhos animados) já teria merecido pelo menos uma boa biografia mais abrangente que permitisse, por exemplo, identificar a data de criação de todos os seus personagens.

Na falta de um trabalho completo que faça jus a uma trajetória bem-sucedida em uma carreira de 50 anos, é preciso recorrer a publicações esparsas para se conhecer um pouco mais sobre Mauricio.

Tal tarefa exige colher dados numa entrevista aqui, em um depoimento ali, em alguma matéria de jornal acolá.

Fora os álbuns comemorativos, que costumam incluir alguns textos sobre a história dos personagens, há três livros que, de alguma forma, trazem um pouco de luz sobre a vida do autor: A Infância de Mauricio de Sousa (2005), de Audálio Dantas; Mauricio - Quadrinho a Quadrinho (2006), de Sidney Gusman; e Mauricio - Biografia em Quadrinhos (2007).

São
trabalhos interessantes, que contêm informações úteis, mas muito limitados
para se construir um painel mais amplo de sua obra. Existe, porém, um
livro, ou melhor, dois, em que o próprio Mauricio discorre sobre a sua
vida.
Trata-se de Navegando nas Letras - Crônicas, editado em dois volumes pela Editora Globo, é uma coletânea dos textos curtos publicados no jornal Diário de Mogi, de Mogi das Cruzes, cidade em que Mauricio viveu parte de sua infância e a adolescência.

O primeiro saiu em 1999, com as crônicas do período entre março de 1996 e abril de 1997. O segundo foi lançado um ano depois, com material de abril de 1997 a junho de 1998, mais um texto datado de março de 2000.

A leitura permite conhecer detalhes isolados da vida de Mauricio e, ao leitor mais interessado, ter uma visão bastante ampla de sua trajetória profissional e pessoal. O livro, no entanto, carece de dados fundamentais, principalmente quanto a datas para as quais muitas vezes é necessário recorrer à dedução.

Nos textos que contam suas principais conquistas e realizações como artista e empresário, há informações preciosas como a ocasião em que quase se tornou dono do gigantesco Pavilhão de Exposições do Anhembi e os seus encontros com personalidades do quadrinho mundial, como Osamu Tezuka e Will Eisner.

Mas não faltam narrativas nostálgicas de caráter pessoal. Algumas ajudam a entender certas influências na obra de Mauricio, outras são meramente curiosas, como a que fala do presente de 6 milhões de dólares que ele, polidamente, recusou.

Naturalmente, cioso de seus fiéis leitores e de sua imagem pública, Mauricio evitou temas mais polêmicos e, possivelmente, deve ter romanceado algumas passagens ou exagerado a importância de outras, como faria todo bom contador de causos.

Pela ausência de fontes que contestem ou endossem as informações, os relatos ganham um tom de biografia oficial e autorizada, com toda a parcialidade e as restrições que lhe são características, e como tal devem ser lidos, mas são, indiscutivelmente, registros de um testemunho válido daquele que ocupa um papel fundamental na história dos quadrinhos brasileiros.

 

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