A HQM acerta em cheio ao publicar a criação de Danilo Beyruth.

Para comprovar que Beyruth é um desenhista talentoso e de ótimo nível técnico, basta folhear o álbum. E ao ler Necronauta descobre-se que ele é também um grande narrador visual. Além de um bom roteirista.

Os roteiros de Beyruth seguem uma fórmula inteligente: transformam metáforas em ações e as jogam no mundo do seu personagem. Isso pode ser visto facilmente em Bagagem emocional, a melhor HQ de Necronauta escrita por seu criador.

As melhores aventuras do álbum são dos roteiristas convidados, com destaque pra Luiz Costa Pereira Junior, que faz um belíssimo conto de suspense em No fim do túnel, digno de Dylan Dog.

É muito interessante notar como o Necronauta e seu pouco revelado universo são fortes em personalidade. Nas seis histórias do álbum, ele é escrito por quatro roteiristas diferentes e, ainda assim, não se perde a unidade entre as narrativas, tampouco as características essenciais do personagem.

Talvez contribua para isso o fato de o Necronauta ser apenas alguém que procura os personagens que serão o real foco da história. Esse tipo de estrutura condiciona um certo frescor a cada narrativa, mantendo elementos já conhecidos pelos leitores, mas renovando as formas de superfície.

Além do conteúdo de primeira, a HQM entrega ao leitor uma edição honesta: papel bom, com uma impressão de qualidade, prefácio de Marcelo Campos e esboços do Necronauta comentados pelo próprio Beyruth.

Necronauta é uma das mais interessantes séries de ficção produzidas no Brasil. Amantes do gênero devem conhecê-la. E que Beyruth continue nos contando mais histórias de seu misterioso personagem.