NOVOS X-MEN - NOVOS MUNDOS
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Grant Morrison (roteiro), Igor Kordey, John Paul Leon, Phil Jimenez e Ethan Van Sciver (desenhos), Bill Sienkiewicz, Andy Lanning e Norm Rapmund (arte-final) e Dave McCaig e Chris Chuckry (cores) - Publicado originalmente em New X-Men # 127 a # 133.
Preço: R$ 19,50
Número de páginas: 168
Data de lançamento: Abril de 2011
Sinopse
Na primeira história, Xorn desvenda o caso de um deformado mutante perseguido após devorar um cãozinho.
Na sequência, o mais procurado ladrão da Europa pede asilo ao grupo de heróis mutantes, mas sua presença revela perigosas experiências governamentais. E, enquanto Scott Summers encara o desgaste de seu casamento com Jean Grey, os X-Men enfrentam o legado de Magneto em Genosha.
Positivo/Negativo
Após as ótimas edições Novos X-Men - E de Extinção e Novos X-Men - Imperial, a Panini deu prosseguimento à controversa fase de Grant Morrison à frente dos heróis mutantes com mais um encadernado. Infelizmente, porém, o desgaste do autor é notável, e o que começou com proliferação de ideias arrojadas descamba para a mesmice que imperava no título antes da entrada do escocês.
Este volume traz um primeiro conto envolvendo Xorn, criação do próprio Morrison, que até funciona pelo tom mais intimista, e explora temas dignos da franquia. O grande problema está no arco seguinte, que introduz um dos personagens mais constrangedores desta leva de tramas mutantes, Fantomex.
O roteirista lida o conceito da Corporação X, que foi bem aproveitado por autores distintos depois da revelação da identidade dos X-Men para o mundo exterior, e apresenta personagens diferentes como Pássaro Trovejante, Homem Múltiplo e Syrin. A ameaça que os heróis precisam enfrentar é que dificulta a apreciação das aventuras.
Morrison, acompanhado do ilustrador Igor Kordey, apresenta um personagem genérico e sem carisma. A história de Fantomex poderia render ao menos cenas de ação bem conduzidas e alguma dose de suspense, mas vira uma trama insípida, que em nada lembra os momentos marcantes das edições anteriores. Pra piorar, há uma investida na desgastada temática dos experimentos governamentais com mutantes, já bem explorados com Wolverine, que agora não acrescentam nada.
Sem dúvida, uma ideia infeliz que marcou esta boa fase dos X-Men. Por outro lado, o conflito de personalidades envolvendo Scott Summers e Emma Frost funciona bem, sendo o ponto alto do álbum. Se na década de 1990 os leitores acompanharam as investidas românticas de Psylocke sobre o virtuoso Ciclope, sob a pena de Fabian Nicieza, aqui eles podem ver uma situação análoga conduzida com mais talento.
E esse tom dramático aplicado a relacionamentos continua com os mutantes adolescentes Bico e Angel, numa participação pequena, porém marcante, que é emblemática do nível de alienação sofrido pelos heróis. Os dois personagens que o roteirista introduziu à mitologia dos X-Men encantam justamente pelos sentimentos honestos, que geram identificação imediata.
O conceito dos mutantes na Marvel pode funcionar como metáfora para minorias perseguidas e novas tendências midiáticas, mas as transformações da juventude ainda garantem bons resultados numa aventura.
Já no restante do volume, Morrison se perde de novo e o único destaque são os bons desenhos de Phil Jimenez e Ethan Van Sciver. Perfeitos para super-heróis mais tradicionais, os dois artistas conferem um ar de familiaridade ao texto.
Grant Morrison foi uma aposta arriscada da Marvel para reformular uma de suas franquias mais lucrativas, e o resultado sobressaiu pelos temas de ficção científica e quebra de paradigmas no universo dos X-Men.
Contudo, também pelo fato de experimentar sempre com ideias fora dos padrões, o autor por vezes acaba perdendo a mão. Se sagas de épocas passadas como A canção do carrasco e Operação Tolerância Zero pecavam pela previsibilidade, é fato que evitaram derrapadas maiores.
As investigações dos X-Men em Genosha presentes neste volume lembram muito histórias dos heróis mutantes baseadas apenas no conhecimento de cronologia pregressa dos personagens, algo pouco característico de Morrison. No fim das contas, sua temporada no título foi fundamentada por conflitos de personalidades distintas e invenções científicas imprevisíveis. Neste ponto, no entanto, o lugar-comum venceu a criatividade.
Classificação: