NYX
Título: NYX (Panini
Comics) - Edição especial
Autores: Joe Quesada (roteiro), Joshua Middleton (arte partes 1 a 4) e Robert Teranishi (desenhos partes 5 a 7).
Preço: R$ 24,90
Número de Páginas: 204
Data de lançamento: Dezembro de 2006
Sinopse: O ideal dos X-Men sempre foi despertar a esperança em meio ao desespero. Nas horas mais sombrias dos mutantes, Charles Xavier está sempre por perto, esperando de braços abertos. Mas o Professor X não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo...
O que acontece com um grupo de jovens mutantes que precisam se virar sozinhos para conseguir comida, abrigo e amparo? Crianças inocentes, sem orientação, que, em vez de serem preparados para o próximo grande ataque de Magneto, aprendem a sobreviver nas ruas frias e sujas da cidade que nunca dorme.
Positivo/Negativo NYX é uma daquelas raridades que é publicada por uma grande editora como a Marvel ou a DC usando um contexto pré-existente, mas sem trabalhar com os personagens normais nem mexer na cronologia do resto do universo. Em uma época de mega-eventos, em que é praticamente impossível ler uma revista isoladamente, histórias como esta se destacam.
Ainda falando de cronologia, é interessante notar que esta revista tem tão pouca ligação com o resto do Universo Marvel que foi publicada no Brasil três anos depois de ter saído nos Estados Unidos e isso não interfere em nada na sua leitura.
Por outro lado, NYX mostra a primeira aparição de X-23, que se tornou uma parte relevante das histórias dos X-Men. Contudo, mesmo sendo uma personagem importante nessa série, praticamente nada do que seria definido posteriormente, como sua origem, na minissérie X-23, tem aplicação prática para a leitura deste volume.
Sobre a história, não há nada de revolucionário se o leitor pensar em termos de cinema. Quem viu filmes como Aos Treze, Boys e diversos outros não vai se chocar com a história de uma menina vivendo nas ruas, sobrevivendo como dá, formando um bando de párias da sociedade e tendo que lidar com um submundo de prostituição e drogas.
Entretanto, quando se joga isso dentro de uma editora que praticamente só publica histórias de super-heróis, vê-se um outro lado, que - literalmente - não está no gibi. A proposta de mostrar pessoas que abandonam suas vidas e sobrevivem se humilhando pela ajuda de criminosos porque são mutantes é bem interessante.
Muito antes de Distrito X mostrar um bairro mutante onde a discriminação e a pobreza imperam, NYX abordou questões tão sérias quanto, mas faz uma análise mais focada da sensação de ser diferente.
O interessante é que ela não pára na metáfora da discriminação racial e faz toda uma alegoria sobre a sensação dos adolescentes se acharem estranhos dentro de suas famílias, seus grupos de amigos, do mundo em que vivem.
Kiden se afasta da segurança do seu lar por medo do que sua família pensaria do fato de ela ser mutante e por uma culpa que carrega pela morte de seu pai e o ferimento de sua professora por uma bala que deveria ser para ela.
Apesar de alguns elementos fantásticos na trama, tudo poderia ser transportado para a vida de qualquer adolescente. Às vezes parecem pequenas coisas e as outras pessoas não conseguem enxergar a relevância desses acontecimentos para um jovem nessa faixa tão complicada da vida. Para ele, isso pode até ser mais do que suficiente para fugir de casa ou sair atirando nos colegas da escola.
Como se isso não bastasse, há, entre outras subtramas, a intensa história de X-23, que por seu fator de cura acelerado acaba servido de prostituta para violentos sadomasoquistas.
A arte veste bem a história, principalmente as cores, que dão vida e peso para o traço sutil de Joshua Middleton. Nas últimas partes, com a mudança de desenhista, Robert Teranishi tenta imitar o traço de Middleton, mas não tem a firmeza necessária para manter o mesmo padrão do começo da revista.
Felizmente, as cores continuam semelhantes, não causando um impacto visual quando passa de um desenhista para outro.
Classificação: