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O ANALISTA DE BAGÉ EM QUADRINHOS

Por Delfin
1 dezembro 2010

O ANALISTA DE BAGÉ EM QUADRINHOS

Editora: L± - Edição especial

Autores: Luis Fernando Verissimo (roteiro) e Edgar Vasques (arte).

Preço: Não consta da edição

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Outubro de 1983

 

Sinopse

Os casos e causos de um analista freudiano natural de Bagé. Vistos com muito bom humor

Positivo/Negativo

Um dos maiores êxitos da literatura nacional da segunda metade do século passado foi, sem dúvida, Luis Fernando Verissimo. Filho de Erico Verissimo, também um dos grandes romancistas nacionais, sempre teve a carreira do pai a lhe fazer certa sombra. Não pessoal, mas a famigerada sombra da crítica.

Para fugir da imagem bem estabelecida do pai, partiu para o cronismo regular em jornais. E a verdade é que boa parte da crítica literária da época não considerava cronistas como produtores de literatura, visão que ainda persiste hoje. Ainda mais se o autor envereda pelo humor. Já tinha sido assim, pouco antes, com Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, e com Leon Eliachar.

Mas o leitor costuma ter sabedoria. Os livros de Verissimo vendiam bem, mesmo tendo os valores literários diminuídos. Depois de quatro bons trabalhos, o primeiro relativo sucesso veio em 1979, com Ed Mort e outras histórias. Mas nada foi tão emblemático em sua carreira como a criação do Analista de Bagé.

O livro original, de 1981, contava os casos e histórias de um analista ortodoxo e freudiano nascido na cidade gaúcha de Bagé. Fez um sucesso tremendo, que já era antecipado por seu êxito nos jornais. Era comentado, resenhado e principalmente lido. Era a consagração popular de um nome que estava, de certa forma, destacado do humor da época, representado majoritariamente pelo Pasquim carioca. E, dali para frente, o personagem migrou para a televisão, peça de teatro e, claro, quadrinhos.

Edgar Vasques, que já publicava pela editora gaúcha as tiras de seu Rango, com bastante sucesso, criou uma feição original para o personagem, que já havia sido retratado fotograficamente na capa do livro de Verissimo e que o ator Paulo César Pereio representava de modo hilário nos palcos. Mais atarracado, com olhos argutos e toda a gauchice a que tinha direito, é a representação mais fiel do Analista de Bagé para qualquer mídia.

Nos quadrinhos, a vantagem de se ter um autor vertendo seu próprio texto para balões e recordatórios fez com que as histórias funcionassem muito bem. Alie-se isso ao traço limpo, monocromático e sem distrações de Vasques, e o resultado só poderia ser ótimo: adaptações pontuais, curtas o suficiente para que o álbum contenha muitas histórias. A introdução de Lindaura, a secretária que recebe e dá, é "na medida" para coadjuvar o jeito de boi bravo do bagual.

O personagem teve algumas de suas HQs republicadas no álbum As Melhores do Analista de Bagé (Objetiva) em 2007. São posteriores às deste álbum primordial, em sua maioria publicadas anteriormente, na revista Playboy, na qual a versão quadrinizada do Analista de Verissimo ganhou fama nacional. O que torna o álbum da L± uma raridade - apesar do erro de acentuar Luis e Verissimo na capa.

Tanto é assim que, respondendo um contato telefônico do Universo HQ, Verissimo disse nem se lembrar desta publicação, praticamente simultânea à estreia do personagem no mensário masculino.

São histórias que merecem ser revisitadas, inclusive para confrontar os paradigmas gráficos dos anos 80 com os atuais. Afinal, álbuns sem orelhas e com capas frágeis podem a qualquer momento se deteriorar, como é o caso deste Analista da L±, um título para ser guardado num lugar privilegiado da estante.

Classificação:

4,0

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