O CABRA
Editora: Papel A2 - Edição especial
Autor: Flávio Luiz (roteiro e arte).
Preço: R$ 38,00
Número de páginas: 56
Data de lançamento: Dezembro de 2010
Sinopse
Uma aventura nordestina futurista que mistura ficção científica e cordel, ambientada num futuro incerto e pós-apocalíptico. A Terra é um planeta quase desértico, no qual a água potável é privilégio de poucos.
É nesse cenário que se passa a história de Severino, "O Cabra". Um fora-da-lei cujo bando foi dizimado no dia do seu casamento.
Positivo/Negativo
O Cabra saiu no finalzinho de 2010, fechando com chave de ouro um ano ótimo para os quadrinhos nacionais.
De cara, o álbum surpreende pelo tamanho e pela bela capa.
Influenciado pela recente publicação Wednesday Comics, da DC, Flávio Luiz optou por imprimir as páginas no tamanho dos originais (25 x 38 cm) para, em suas palavras, "o leitor entrar na arte".
E isso funciona bem. Ler a história do cangaceiro futurista naqueles quadrões tem um charme a mais, principalmente pelas cores muito bem executadas por Artur Fujita. Mas é claro que a opção tem seu preço: com as páginas tão grandes, os cenários, armas e naves mereceriam uma arte mais trabalhada.
Quem acompanha a carreira de Flávio Luiz nota que seu estilo evoluiu com os anos. O desenho de seus personagens ganhou em ângulos mais precisos, em movimentação e em coesão.
Contudo, o entorno mereceria um pouco mais de apuro. Não só pelo tamanho da página, mas a escolha de um cenário futurista - com naves e armas inspiradas em filmes clássicos da ficção científica - pede mais elementos visuais para tornar as criações do artista verossímeis.
Independentemente disso, trata-se de uma HQ muito divertida. Como diz Marcelo Campos em seu prefácio, "é uma ótima mistura de ação, humor e até romance".
O Cabra é violento - como tem que ser - mas isso é aliviado por recursos gráficos mais cartunescos. O mesmo acontece com as críticas aos políticos, padres e "coronéis", temas sérios que se incorporam bem pelo viés irônico do autor.
Em um ano tão rico em bons quadrinhos, O Cabra pode até não se destacar tanto, mas é uma HQ honesta, divertida, muito bem produzida e que entrega o que promete: um Mad Max do cangaço.
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