O CAVALEIRO DAS TREVAS 2 #1
Título: O CAVALEIRO DAS TREVAS 2 #1 (Editora Abril) - Minissérie em 3 partes
Autores: Frank Miller (roteiro e arte) e Lynn Varley (cores)
Preço: R$ 6,50
Data de lançamento: Fevereiro de 2002
Sinopse: Três anos depois da morte aparente do Batman, em Cavaleiro das Trevas, os Estados Unidos são governados pelo presidente Rickard, que não passa de um fantoche digital de Lex Luthor. Por isso, o país vive num regime praticamente fascista.
Os antigos super-heróis estão afastados e assistem a tudo impassíveis. Mas... até quando? A trupe liderada pela Catgirl e os batboys resgatam dos seus diferentes cativeiros duas lendas do passado: Átomo e Flash.
Esse ressurgimento de aventureiros mascarados desperta velhas rixas, obrigando o Super-Homem a se reunir com seus companheiros, Capitão Marvel e Mulher-Maravilha, o que resultará numa intervenção direta nos planos do único responsável possível: Batman.
O Super-Homem está sendo chantageado por Lex Luthor e Brainiac, que mantêm a cidade engarrafada de Kandor (o último resquício de Krypton) sob seu domínio, obrigando o maior herói de todos os tempos a obedecer às suas ordens.
Mas para chegar ao Homem-Morcego, o enfurecido Homem de Aço terá que passar antes por velhos aliados a Liga da Justiça: Flash, Átomo e Arqueiro Verde.
Positivo/Negativo: Certa vez, Neil Gaiman, o roteirista britânico que recriou Sandman, disse que uma boa história tem começo, meio e fim. Quando Frank Miller anunciou que faria uma continuação de Cavaleiro das Trevas (a original), muitos leitores (inclusive este que vos escreve) foram contra, pelo fato de este clássico das HQs de super-heróis se encaixar perfeitamente nessa definição.
A polêmica aumentou ainda mais quando foram divulgados os primeiros previews das artes da série. Mas o fato é que, depois de tanto "barulho", O Cavaleiro das Trevas 2 tornou-se o maior sucesso de vendas nos quadrinhos americanos em muitos anos. Afinal, todos queriam conferir os novos rumos que Miller daria ao Morcego cinqüentão.
Pelo primeiro número, tem-se a impressão que O Cavaleiro das Trevas 2 será, no máximo, uma boa história, passando longe da revolução que sua antecessora gerou no mercado. Frank Miller continua sendo um excelente contador de histórias e dono de uma narrativa visual que poucos roteiristas/desenhistas possuem.
Mas, ao mesmo tempo em que as sacadas para o aprisionamento do Flash e do Átomo foram geniais e a utilização de vários personagens da DC foi muito legal, o artifício usado para transformar o Super-Homem num empregado de Luthor e Brainiac foi quase simplório. Durante sua carreira, o Homem de Aço foi chantageado inúmeras vezes por bandidos que tomaram pessoas queridas dele como reféns e, mesmo assim, sempre contornou a situação sem se tornar um vassalo de vilões, e sem deixar o povo da Terra à mercê de seus inimigos.
No entanto, não é no roteiro que a coisa "está pegando". O Cavaleiro das Trevas 2 poderia perfeitamente se chamar "No Reino dos Pés-Grandes", tal o exagero que Miller adotou, seguindo seu estilo de traço atual. Em Sin City isso funciona bem, mas numa história de super-heróis ficou bastante esquisito.
O ponto mais negativo da obra é, sem dúvida, a colorização de Lynn Varley. Ela é uma excelente profissional na pintura manual, mas resolveu usar O Cavaleiro das Trevas 2 como "campo de testes" para seu primeiro trabalho em computador, o que é inadmissível. O resultado é catastrófico.
As cores ficaram berrantes ao extremo, num "psicodelismo" que não combina com o clima do roteiro, ainda mais se lembrarmos que o personagem principal é o Cavaleiro das Trevas. Varley também parece ter resolvido aplicar todos os filtros e efeitos que descobriu no Photoshop.
Por incrível que pareça, nesta primeira edição, Miller e Varley conseguiram fazer os leitores sentirem saudade da arte-final de Klaus Janson.
A edição da Abril está bem produzida, mas o papel de capa poderia ser mais encorpado.
É claro que O Cavaleiro das Trevas 2 é leitura mais do que obrigatória para os fãs de quadrinhos, ainda mais em tempos de histórias de super-heróis tão pífias. Entretanto, a sinergia entre roteiro, desenhos, cor e arte-final que se viu na primeira minissérie, há 15 anos, está muito longe de ser alcançada.
Por isso, é melhor o leitor analisar esta minissérie como uma obra "nova" e não estabelecer comparações com O Cavaleiro das Trevas, uma das melhores HQs de super-heróis de todos os tempos. Seria covardia.
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