O CONTÍNUO # 3
Título: O CONTÍNUO # 3 - Fanzine trimestral
Autor: Dalton Correa Soares, Pedro Felício e Carlos T. Lemos (roteiros) e André Bernardino, Alcimar Frazão, Pedro Bottino, Rafael Mathé (desenhos).
Preço: R$ 3,00
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Junho de 2005
Sinopse: Terceiro número do fanzine independente que apresenta HQs de ambientação urbana.
Positivo/Negativo: Depois dos excelentes trabalhos nos dois primeiros números (confira aqui e aqui), a equipe do fanzine o Contínuo brinda os leitores com uma ótima terceira edição.
A começar pela capa que, mesmo em duas cores, chama muito a atenção, sobretudo pela bela arte. O índice também inova, com um desenho que ilustra cada uma das quatro histórias da edição ao lado da chamada das páginas, no lugar do título por extenso.
A primeira HQ é Cerrone e o Ogro, de Pedro Felício e Pedro Bottino. No melhor estilo Vertigo, conta a história de um escritor de livros de fantasia, claramente inspirados na saga de sucesso Harry Potter, que se vê as voltas com a ameaça de uma de suas crias que ganhou vida.
A narrativa é bem feita e prende a atenção do leitor do início ao fim. Os desenhos apresentam um traço limpo e agradável, que combina com a trama.
Tão Diferente de Pedro Felício e Mathé, é livremente inspirada na canção Valsinha de Chico Buarque e Vinicius de Moraes. A HQ é surreal, quase psicodélica. Não há nenhum texto. A arte mescla traço a lápis com arte-finalizado, dando um resultado interessante.
Já Pela Sombra, de Carlos T. Lemos e André Bernardino, é o ponto alto da edição. Enquanto as duas HQs anteriores tinham um ar mais fantástico e onírico, respectivamente, esta mostra pessoas da cidade vivendo em simbiose com seu meio. A HQ conta como dois amigos de infância, que vivem numa favela, tomam caminhos diferentes na vida.
A abordagem dos autores não é piegas ou falsa, como tantas que abordam o tema favela. O mais importante é a relação dos amigos e as escolhas que fazem. O pano de fundo é o lugar onde moram, mas poderia ser qualquer lugar do mundo.
Contudo, o mais interessante é como é contada a passagem do tempo, um exemplo de como a HQ está claramente circunscrita na cultura brasileira. Quando os meninos são pequenos, conversam sobre o jovem jogador Rivaldo, que chega ao Palmeiras. Quando a trama avança, comentam em que time o jogador está, como quando ele foi eleito o melhor do mundo e a derrota na Copa da França. E a história termina com a frase "Ouvi dizer que o Rivaldo acabou com o jogo hoje de madrugada", numa clara alusão à Copa de 2002, no Japão e na Coréia.
Fecha a edição O homem certo para o trabalho, de Dalton Correa Soares e Alcimar Frazão. Aparentemente inspirada nas HQs antigas do Justiceiro, recheada de violência e ação, mantém o nível alto. E vale notar que os desenhos carregados e detalhados diferem bastante dos estilos dos outros artistas.
Classificação: