O CORVO
Autores: James O´Barr (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 62,00
Número de páginas: 244
Data de lançamento: Fevereiro de 2004
Sinopse: Eric Draven era um homem feliz. Tinha uma mulher a quem amava mais do que a si mesmo, uma casa que era seu castelo, um casamento que se aproximava e inúmeros sonhos para o futuro. Mas isso estava prestes a mudar.
Um dia, quando tentava consertar seu carro, que havia quebrado numa estrada, um bando de viciados o assassina sem nenhum motivo. Pior: ele presencia o estupro e assassinato de Shelly, o amor de sua vida.
Agora, um ano depois, a cidade de Detroit silencia ante um vingador que voltou dos mortos para reclamar vingança contra os assassinos.
Positivo/Negativo: O Corvo, depois de estrear nos quadrinhos, foi transformado num cultuado filme estrelado por Brandon Lee, que gerou várias continuações e também uma série para a TV. Após terminar a leitura, é fácil perceber por que a trama saiu das páginas para as telas: é uma história muito boa.
Este álbum traz o trabalho original de O Corvo produzido por James O'Barr, que escreveu uma introdução exclusiva para a edição brasileira, lançada pela Pandora Books, pelo selo Planetário.
A história é narrada de forma não linear, com os fatos sendo mostrados fora da ordem cronológica. Mas isso não atrapalha nem um pouco a compreensão da trama. Pelo contrário, apenas a torna mais interessante. O assassinato do protagonista e de sua namorada, por exemplo, só aparece na página 136.
O'Barr mescla com habilidade os fatos do presente, que mostram o Corvo caçando - e exterminando - cada um dos assassinos, e do passado, em cenas que envolvem o leitor, ao mostrar como o casal era feliz e como tudo lhe foi arrancado de maneira tão brutal.
Em vários momentos, O Corvo lembra a série regular de Sandman, de Neil Gaiman. Não pelo teor da trama, é bom explicar, mas pelo fato de que a história é toda apoiada num roteiro muito bem escrito. Assim, como acontecia nas HQs do Mestre dos Sonhos, o fato de os desenhos não serem bonitos (e os de O'Barr, por vezes, chegam a ser horrorosos) nem incomodam o leitor.
Quando se sabe que o autor criou O Corvo na década de 1980, depois que sua namorada, Beverly, de apenas 18 anos, foi morta por um motorista bêbado, a história torna-se ainda mais interessante.
O clima da HQ é denso, com páginas permeadas de preto nas cenas de vingança se contrapondo a outras mais claras, quando é mostrado o passado de Eric com Shelly. E é justamente esse misto de sobrenatural, vingança e amor que cria um clima noir tão intrigante que a leitura flui de uma "tacada" só, apesar das 244 páginas.
A edição da Pandora, a despeito de todos problemas levantados sobre a editora recentemente, está bem produzida e impressa, com direito até a sobrecapa no livro. Destaque para a seção de pin-ups, a imagem de capa e o prefácio exclusivo de O'Barr. Mas o preço salgado deve ser um impeditivo para a maioria dos leitores.
Também há alguns erros feios de português e de digitação, que poderiam (e deveriam) ter sido evitados com o simples uso de um corretor ortográfico. Confira:
Página 98, quarto quadro: "Estou tendo uma puta viajem..." Viagem, com "g", seria o correto.
Página 109, terceiro quadro: "...são de polaridades opostar..." (opostas); e "há algum consolo no fato de ques se originam..." Há um "s" sobrando no "que".
Página 225 (posfácio), no quinto parágrafo: "...até mesmo nos mais profundos reconditos da consciência..." Faltou o circunflexo no primeiro "o" de "recônditos".
Página 233 (tradução da letra da música Décadas, do Joy Division): "As magoás que sofremos..." O acento de "mágoas" está no "a" errado.
Página 238 (tradução da letra da música Komakino, do Joy Division): "Estranhesa tão dura de compreender..." Estranheza é grafado com "z".
Pra quem assistiu ao filme O Corvo antes de ler a trama que o originou (como este escriba), este álbum é mais um que entra pra lista das HQs que são bem melhores nas páginas do que nas telas.
Classificação: