O CORVO EM QUADRINHOS
Autor: Luciano Irrthum (texto e arte), baseado no poema de Edgar Allan Poe, com tradução de Machado de Assis.
Preço: R$ 35,00
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Dezembro de 2009
Sinopse: Adaptação em quadrinhos do célebre poema O Corvo, do escritor norte-americano Edgar Allan Poe.
À meia-noite, um homem amargurado pela perda da mulher começa a ouvir baterem à sua porta. Ao atender, não havia ninguém. Logo depois, pancadas na janela. E, ao abrir, um misterioso corvo entra na sua casa para dar início a momentos de terror.
Positivo/Negativo: Já reparou quantas HQs nacionais com adaptações literárias foram lançadas só neste ano? Muitas! E a tendência é aumentar, já que os planos governamentais de apoio à leitura têm adquirido mais e mais dessas obras, em tiragens que nunca alcançariam apenas nas livrarias.
As editoras têm aproveitado bem esse momento e, felizmente, produzido material de qualidade. A Peirópolis, por exemplo, já havia lançado dois álbuns com esse fim: Dom Quixote, por Caco Galhardo, e Os Lusíadas, por Fido Nesti. E ambos foram adotados ou recomendados por alguns desses programas, como pode ser conferido aqui.
Este O corvo em quadrinhos deve seguir o mesmo caminho - ainda mais que em 2009 se comemoram 200 anos do nascimento de Edgar Allan Poe. Mas, desta coleção Clássicos em HQ, da Peirópolis, é o que menos faz jus à palavra "adaptação", no que diz respeito ao texto. Afinal, Luciano Irrthum usa, na íntegra, a tradução do romancista Machado de Assis.
Evidentemente, isso torna a obra mais rica no aspecto cultural, mas, ao mesmo tempo, a deixa com uma linguagem que os jovens de hoje pouco (ou nada) apreciam.
Além disso, a leitura exige bastante atenção. Algumas rimas, por exemplo, começam numa página e só são concluídas na outra. Como o texto foi bem distribuído pelos quadros por Irrthum, muitos jovens (a quem, afinal, este álbum se destina) talvez nem saquem as 18 estrofes do poema.
O desenho meio underground de Luciano Irrthum não confere um tom de terror a O corvo, mas é interessante porque fornece à história um tom de humor mórbido. O trabalho em planos quase sempre fechados, por exemplo, foi ideal para retratar a angústia do homem durante os "diálogos" com o pássaro.
Graficamente, o álbum é impecável. Agora, é torcer para que a Peirópolis se firme nesse mercado e continue apostando em bons nomes nacionais para realizar essas adaptações. E que, se algum dia, alguém perguntar quando a editora parará de publicar quadrinhos, a resposta seja com as mesmas palavras ditas insistentemente pelo corvo: nunca mais.
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