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O DECÁLOGO # 3 - O METEORO

1 dezembro 2007


Título: O DECÁLOGO # 3 - O METEORO (Edições
Asa
) - Série em dez volumes

Autores: Frank Giroud (roteiro) e J.F. Charles (arte, capa e cores).

Preço: 15 euros

Número de páginas: 52

Data de lançamento: 2002

Sinopse: Não atribuirás a Deus nenhuma imagem - Dezembro de 1958, Grécia. Num hospital para doentes mentais, um homem se veste de São Basílio (Papai Noel) para os internos. Quando está se trocando para ir embora, é cruelmente assassinado e alguém deixa o hospício em seu lugar.

Dois dias depois, em Kallantès, um grupo de sete estudiosos e aventureiros (com apenas Shelley McGuire de mulher) de diversas partes do mundo se reúne para iniciar uma expedição rumo ao Meteoro de Hagios Manolis, um dos famosos mosteiros gregos situados nos cumes de picos quase inacessíveis. Lá, entre outras preciosidades, os padres reclusos estão de posse do mítico Nahik.

Enquanto isso, a polícia grega caça Panakis, o homem que fugiu do hospício e vem deixando atrás de si uma trilha de corpos. Esse psicopata desfigura os rostos dos homens antes de assumir suas identidades. E ele se dirige para Kallantès.

Para complicar, a neve e o mau tempo dificultam as buscas e torna impossível a comunicação com os expedicionários.

Os policiais desconfiam que Panakis pode estar disfarçado como um dos exploradores. O clima de mistério aumenta quando um deles, Clement Darracq, morre num misterioso acidente e Farag Idriss fratura a tíbea ao tentar resgatar o corpo. Resultado: Alois Adler fica com ele numa caverna, para não deixá-lo própria sorte.

Com três membros a menos, a expedição chega ao seu destino, onde é recebida pelo padre Dimitri, o único que está no local. O mosteiro abriga diversas obras de arte, como livros raros e quadros de santos que foram danificados - furados nos olhos.

Enquanto todos se maravilham com os tesouros locais, começam a ocorrer novas mortes, uma a uma. Quem será o assassino? Seria mesmo o Nahik um livro maldito?

Positivo/Negativo: O Decálogo é um grande sucesso na Europa. A série foi inicialmente lançada na França, pela Glénat, a partir de janeiro de 2001. No 17º Festival de Amadora, em Portugal, por exemplo, uma bela exposição dedicada à obra era uma das que mais chamava a atenção do público.

A trama gira sempre em torno do Nahik, um livro definido como um romance excepcional, um objeto de arte, um tesouro bibliográfico, um tomo sagrado, um instrumento político ou, simplesmente, uma ponte entre dois seres.

O Nahik seria o equivalente muçulmano dos Dez Mandamentos do cristianismo. E teriam sido escritos sobre a omoplata de um camelo, em árabe Hidjâzì. Seriam eles:

1) Não matarás;
2) Saberás escutar a tua consciência, para nela ouvir a voz de Deus;
3) Não atribuirá a Deus nenhuma imagem;
4) Não prestarás falso testemunho;
5) Perdoarás os teus inimigos;
6) Honrarás pai e mãe;
7) Não enganarás os que te amam;
8) Mostrar-te-ás caridoso com os fracos, os diminuídos e os pobres de espírito;
9) Não cobiçarás o bem do próximo;
10) Farás amar Deus pelo exemplo e não pela força.

Além disso, vez ou outra, os manuscritos aparecem sempre acompanhados de aquarelas pintadas por Desnouettes, durante a campanha de Bonaparte no Egito, no século 17.

A série é formada por dez álbuns independentes, mas que possuem uma ligação.
Assim, podem ser lidos isoladamente ou como uma saga. Em comum, todos
mostram as paixões e ganâncias que movem o homem desde a aurora dos tempos
e também suas incertezas frente ao Além e às suas relações com o divino.

Neste tomo, a misteriosa seqüência de assassinatos que acontece assemelha-se a uma das tantas histórias da escritora inglesa Agatha Christie. E Giroud constrói seu roteiro com competência. Algumas pistas são deixadas aqui e acolá, e o leitor fica no mesmo afã que os sobreviventes para descobrir a identidade do matador.

O autor amarra bem as duas tramas paralelas até o momento em que, enfim, as intersecciona. Não é nada genial, mas é uma história bem contada, apesar da ausência de um protagonista forte - a destemida Shelley McGuire não dá conta do recado. Além disso, talvez haja uma dose de exagero nas motivações de Panakis, mas é algo aceitável, em virtude de seu fanatismo.

O que cai bastante em relação aos dois volumes anteriores é a arte. Os desenhos do veterano Jean-François Charles, 56 anos, são, no máximo, corretos. No entanto, falta expressividade (especialmente facial) aos seus personagens. É um traço mais "duro", antigo.

Talvez sua escolha tenha se dado em virtude de a história se passar na década de 1950, mas a verdade é que o resultado deixa a desejar. Praticamente inexiste narrativa, a diagramação nada ousa e a trama parece caminhar sempre no mesmo ritmo, até quando o texto exige mais ação. E isso tudo ficou ainda mais evidenciado pelas cores, também de sua autoria, escuras demais.

A capa, assinada por Charles, não é tão impactante quanto às anteriores, mas mantém a unidade do projeto gráfico elaborado para a série. A edição da Asa é impecável, gráfica e editorialmente.

Este álbum tem a ingrata missão de manter o pique das duas histórias anteriores, ambas acima da média. Não consegue. É um bom entretenimento. E só.

Classificação:

4,0

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