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O DECÁLOGO # 4 - O JURAMENTO

1 dezembro 2007


Título: O DECÁLOGO # 4 - O JURAMENTO (Edições
Asa
) - Série em dez volumes

Autores: Frank Giroud (roteiro) e TBC (arte e capa) e P. Faucon (cores).

Preço: 15,50 euros

Número de páginas: 60

Data de lançamento: 2002

Sinopse: Não prestarás falso testemunho - Mostar, Bósnia, primavera de 1937. Cinco amigos decidem fazer um piquenique. Vilko logo se engraça com a loira Josipa. Ela é irmã de Davor, que é caidinho por Milena. No entanto, quando ele sai à procura da jovem, a vê nos braços de seu amigo Safet.

Nove anos depois, no campo de Bleiburg, na Áustria, após a debandada gigantesca que se seguiu ao pós-guerra, o agora padre Davor Stimac tenta salvar Vilko Topic, seu cunhado e amigo de infância, que está condenado à morte pelos vencedores do conflito.

Embora seja uma tarefa difícil, o seu estatuto de eclesiástico permite-lhe recorrer à Rede Ratline, criada pelo Vaticano para extraditar alguns criminosos de guerra. Mas, antes disso, nega a salvação ao coronel Seferov, que matou muitos de seus compatriotas durante os conflitos.

Como agradecimento por ter sido enviado a Roma, Vilko dá a Davor o único bem que lhe resta: um livro de título esquisito e conteúdo desconcertante, o Nahik. Enquanto tenta ludibriar os aliados, o padre reencontra Milena, a única mulher que amou (sem ser correspondido) na vida.

Milena persegue Vilko pelo suposto assassinato de Safet, seu marido. Mas Davor desconhecia essa história. E também a ligação de sua antiga amada com o Nahik.

Pra piorar, o padre fez um falso juramento sobre a Bíblia, ao dizer a Milena que Vilko não estava escondido na Irmandade de San Girolamo. E vai pagar por isso.

Positivo/Negativo: O Decálogo é um grande sucesso na Europa. A série foi inicialmente lançada na França, pela Glénat, a partir de janeiro de 2001. No 17º Festival de Amadora, em Portugal, por exemplo, uma bela exposição dedicada à obra era uma das que mais chamava a atenção do público.

A trama gira sempre em torno do Nahik, um livro definido como um romance excepcional, um objeto de arte, um tesouro bibliográfico, um tomo sagrado, um instrumento político ou, simplesmente, uma ponte entre dois seres.

O Nahik seria o equivalente muçulmano dos Dez Mandamentos do cristianismo. E teriam sido escritos sobre a omoplata de um camelo, em árabe Hidjâzì. Seriam eles:

1) Não matarás;
2) Saberás escutar a tua consciência, para nela ouvir a voz de Deus;
3) Não atribuirá a Deus nenhuma imagem;
4) Não prestarás falso testemunho;
5) Perdoarás os teus inimigos;
6) Honrarás pai e mãe;
7) Não enganarás os que te amam;
8) Mostrar-te-ás caridoso com os fracos, os diminuídos e os pobres de espírito;
9) Não cobiçarás o bem do próximo;
10) Farás amar Deus pelo exemplo e não pela força.

Além disso, vez ou outra, os manuscritos aparecem sempre acompanhados de aquarelas pintadas por Desnouettes, durante a campanha de Bonaparte no Egito, no século 17.

A série é formada por dez álbuns independentes, mas que possuem uma ligação. Assim, podem ser lidos isoladamente ou como uma saga. Em comum, todos mostram as paixões e ganâncias que movem o homem desde a aurora dos tempos e também suas incertezas frente ao Além e às suas relações com o divino.

Depois de uma caída no terceiro tomo,
O Decálogo retoma o alto nível dos dois primeiros volumes. Desta
vez, Giroud constrói uma trama que gira o tempo todo em torno do tema
mentira. E faz isso muito bem.

Da maneira como a coisas se desenvolvem, chega a dar aflição notar que todas as inverdades que movem a vingativa Milena não têm a menor chance de serem reveladas. Ou seja, esqueça a possibilidade de um final feliz. E, mesmo assim, o desfecho é ótimo.

Giroud, que é pouco conhecido no Brasil (por aqui só chegaram alguns álbuns de Luís Má-Sorte, pela portuguesa Meribérica), mostra em seu roteiro uma rede de mentiras (ou de total falta de comunicação) que se desenvolve de maneira tão convincente que Milena simplesmente não consegue acreditar no que ouve. E, se o leitor estivesse no lugar dela, talvez fizesse o mesmo.

E não deixa de ser curioso que tudo se volte a Davor como um castigo por ter prestado um falso juramento. E sobre a Bíblia!

Contudo, vale dizer que, pela primeira vez na série, o Nahik é apenas uma alegoria colocada quase no final da trama, que não tem a importância mostradas nos volumes anteriores. A história também funcionaria se não houvesse menção ao livro.

Também ajuda a cativar o leitor a arte do iugoslavo TBC (pseudônimo de Tomaz Lavric). Seu desenho de linhas claras é um convite à leitura. Mesmo ousando pouco na diagramação das páginas, ele usa enquadramentos diversos para tornar a narrativa mais ágil. Outro de seus méritos é que seus personagens têm rostos bem diferentes - algo raro de se encontrar em qualquer mercado de quadrinhos.

O trabalho de TBC "sobe" ainda mais pelas cores de Faucon, que já havia mostrado todo seu talento no segundo volume da série. Muito interessante observar como ele usa sabiamente os tons, de acordo com o estilo do desenhista e o clima da história.

A capa, assinada por TBC, não traduz "de cara" o que a história conta, mas vê-la ao final da leitura tem um sentido muito mais amplo. Além disso, a arte mantém a unidade do projeto gráfico elaborado para a série. A edição da Asa novamente é impecável, gráfica e editorialmente.

Classificação:

4,0

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