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O DECÁLOGO # 6 - A TROCA

1 dezembro 2007


Título: O DECÁLOGO # 6 - A TROCA (Edições
Asa
) - Série em dez volumes

Autores: Frank Giroud (roteiro) e Alain Mounier (arte e capa) e P. Faucon (cores).

Preço: 15,50 euros

Número de páginas: 60

Data de lançamento: Fevereiro de 2004

Sinopse: Honrarás Pai e Mãe - A história começa na Costa de Gibraltar, a bordo do navio Fast Bell, que ia do Egito para os Estados Unidos, em junho de 1882. É quando acontece uma confusão no convés, envolvendo o pequeno Antoine, um garoto pobre que não deveria estar naquela ala mais nobre.

Heba Fleury, grávida, intervém e, por se afeiçoar ao menino, lhe presenteia com um livro chamado Nahik. Mais tarde, ela e seu marido Philippe conhecem os pais de Antoine, Frédéric e Firouz Santoni, que também estava prestes a parir.

As duas mulheres dão à luz a bordo. Assim, nascem Alice Fleury e Laetitia Santoni. E os casais se tornam amigos durante a viagem. Até que uma tempestade atinge o navio e um cenário de morte de instala em alto-mar.

Corta para Nova York, em 1902. Alice Fleury comemora seu 20º aniversário em sua luxuosa mansão, em meio a trajes de luxo, criados, aulas particulares e incessantes discussões com os pais.

A jovem tem um outro conceito de felicidade e, por mais que tenha tudo (materialmente falando), se encanta com a vida simples de Meg, sua ex-professora de desenho, uma artista cheia de alegria.

Mas inexplicavelmente Meg passa a ostentar uma inexplicável melancolia. Então, um dia, Alice fuça com sua amiga no bagunçado acervo de um alfarrabista e encontra um exemplar do Nahik, um soberbo livro antigo cujas ilustrações estranhamente lhe recordam uma velha gravura que ornamenta o salão de sua casa.

Intrigada com a coincidência, a jovem procura saber mais sobre a misteriosa obra, sem imaginar que isso a conduzirá a um terrível segredo de família que abalará suas mais íntimas convicções.

Positivo/Negativo: O Decálogo é um grande sucesso na Europa. A série foi inicialmente lançada na França, pela Glénat, a partir de janeiro de 2001. No 17º Festival de Amadora, em Portugal, por exemplo, uma bela exposição dedicada à obra era uma das que mais chamava a atenção do público.

A trama gira sempre em torno do Nahik, um livro definido como um romance excepcional, um objeto de arte, um tesouro bibliográfico, um tomo sagrado, um instrumento político ou, simplesmente, uma ponte entre dois seres.

O Nahik seria o equivalente muçulmano dos Dez Mandamentos do cristianismo. E teriam sido escritos sobre a omoplata de um camelo, em árabe Hidjâzì. Seriam eles:

1) Não matarás;
2) Saberás escutar a tua consciência, para nela ouvir a voz de Deus;
3) Não atribuirá a Deus nenhuma imagem;
4) Não prestarás falso testemunho;
5) Perdoarás os teus inimigos;
6) Honrarás pai e mãe;
7) Não enganarás os que te amam;
8) Mostrar-te-ás caridoso com os fracos, os diminuídos e os pobres de espírito;
9) Não cobiçarás o bem do próximo;
10) Farás amar Deus pelo exemplo e não pela força.

A série é formada por dez álbuns independentes, mas que possuem uma ligação. Assim, podem ser lidos isoladamente ou como uma saga. Em comum, todos mostram as paixões e ganâncias que movem o homem desde a aurora dos tempos e também suas incertezas frente ao Além e às suas relações com o divino.

Este sexto tomo, como é praxe nas edições da Asa, está gráfica
e editorialmente impecável: capa dura, papel de luxo, as minibiografias
dos autores etc.

Desta vez, o Nahik aparece como um livro ilustrado (pode ser visto em álbuns anteriores em forma de manuscritos, acompanhados ou não das aquarelas pintadas por Desnouettes, durante a campanha de Bonaparte no Egito, no século 17), que começa na família da mãe de Alice no navio e, 20 anos depois, a moça "tromba" com ele novamente.

Frank Giroud conduz a trama de forma competente. A jovem Alice tem uma mãe alcoólatra e um pai que pouco lhe dá atenção. Por isso, como era previsível, se revolta e passa a se encantar com a vida simples, porém alegre, de sua professora e amiga Meg.

O roteirista vai descortinando os fatos de maneira natural, prendendo a atenção do leitor. Conforme a trama principal vai se amarrando aos fatos narrados na abertura do álbum (no navio), tudo fica ainda mais interessante. O Nahik não tem "culpa" de nada que acontece às famílias Fleury e Santoni, mas a pecha de livro maldito parece realmente precisa - todos os que com ele se envolvem acabam em maus lençóis.

Há momentos de muita tensão emocional, como quando Alice vai descortinando a verdade sobre seu passado (ao ver a filha mais nova dos Santoni, num bairro pobre, ela logo nota a semelhança física que tem com a menina). Merece destaque também a seqüência na qual ela descobre que a "família verdadeira" com que sonhava não era nada parecida com a que idealizou em sua cabeça. Pelo contrário.

No final, Giroud interliga todas as pontas: o mistério sobre Alice, a razão da tristeza de Meg, o vínculo existente entre os Fleury e os Santoni e, claro, o Nahik. Uma história bem contada.

O adjetivo para definir a arte do francês Mounier é "sóbria". Nada mais que isso. Como é tradicional na escola européia, os cenários são bastante detalhados. Mas no que tange à definição dos personagens - especialmente nas expressões faciais, os rostos são todos muito parecidos -, o desenhista deixa a desejar.

Ele também não ousa absolutamente nada na diagramação das páginas ou nos enquadramentos. O que segura a atenção visualmente é o bom trabalho de cor de Faucon.

Contudo, sua capa, além de seguir o belo projeto gráfico da série, é muito impactante, principalmente depois da leitura do álbum. Ao final da história, o leitor vê que ela realmente resume a trama - e o título - com precisão.

Classificação:

4,0

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