O DECÁLOGO # 9 – O PAPIRO DE KÔM-OMBO
Autores: Frank Giroud (roteiro), Michel Faure (arte e cores). Publicado
originalmente em Le Décalogue - Volume 9 - Lê papyrus de Kôm-Ombo.
Preço: 15,50 euros
Número de páginas: 56
Data de lançamento: Março de 2005
Sinopse: 1798. Enquanto os sábios e os artistas que acompanharam
Napoleão Bonaparte até o Nilo se interessam apenas pelas pirâmides e pelos
faraós, o capitão Eugène Nadal trava conhecimento com um homem para quem
a história do Egito não terminou na Antiguidade.
Trata-se de do arqueólogo, linguista e pintor de talento Fernand Desnouettes,
que se apaixona pelo mundo muçulmano, cujas lendas e tradições conhece
profundamente.
Uma delas, sobretudo, fascina-o, pois refere-se ao labirinto de Thot,
um misterioso santuário perdido nas areias de Kôm-Ombo, onde, após a morte
do profeta Maomé, os adeptos de um estranho culto oriundo do Islão teriam
se refugiado.
Incumbido, juntamente com os seus hussardos, de escoltar o sábio Desnouettes
até essas míticas paragens, Eugène terá de enfrentar o deserto, os mamelucos
e outros obstáculos, mas nada disso se compara ao que os aguarda os sobreviventes
no coração do santuário.
Positivo/Negativo: O Decálogo é um grande sucesso na Europa.
A série foi inicialmente lançada na França, pela Glénat,
a partir de janeiro de 2001. No 17º
Festival de Amadora, em Portugal (onde foi publicada pela Asa
em álbuns luxuosos em capa dura), por exemplo, uma bela exposição dedicada
à obra era uma das que mais chamava a atenção do público.
A trama gira sempre em torno do Nahik, um livro definido como um romance
excepcional, um objeto de arte, um tesouro bibliográfico, um tomo sagrado,
um instrumento político ou, simplesmente, uma ponte entre dois seres.
No Nahik estaria presente o equivalente muçulmano dos Dez Mandamentos
do cristianismo. E teriam sido escritos sobre a omoplata de um camelo,
em árabe Hidjâzì. Seriam eles:
1) Não matarás;
2) Saberás escutar a tua consciência, para nela ouvir a voz de Deus;
3) Não atribuirá a Deus nenhuma imagem;
4) Não prestarás falso testemunho;
5) Perdoarás os teus inimigos;
6) Honrarás pai e mãe;
7) Não enganarás os que te amam;
8) Mostrar-te-ás caridoso com os fracos, os diminuídos e os pobres de
espírito;
9) Não cobiçarás o bem do próximo;
10) Farás amar Deus pelo exemplo e não pela força.
A série é formada por dez álbuns independentes, mas que possuem uma ligação.
Assim, podem ser lidos isoladamente ou como uma saga. Em comum, todos
mostram as paixões e ganâncias que movem o homem desde a aurora dos tempos
e também suas incertezas frente ao Além e às suas relações com o divino.
Neste penúltimo tomo da série, Giroud, autor de Luís Má-Sorte,
lançado aqui pela portuguesa Meribérica, e quase um desconhecido
dos leitores brasileiros, continua a narrativa retroativa, que começou
do oitavo
álbum.
A edição traz como extra, no começo e no final, uma espécie de organograma
mostrando os detentores do livro, do manuscrito, do rascunho e das aquarelas
de Desnouettes em cada tomo. Esse "guia" é utilíssimo para que o leitor
relembre todos os personagens que protagonizaram as histórias e veja em
que pontos a transmissão da lenda foi feita fora do circulo familiar.
Este nono volume revela o passado de Eugène, mostrado com um doente mental
no álbum anterior. Até por isso, não há qualquer surpresa quanto ao que
acontecerá ao personagem.
Ainda assim, é interessante acompanhar o "duelo" de Nabila e sua filha
Smina pelo amor de Eugène e também a amarração do autor ao mostrar que
as alucinações de Eugène começam aqui, especialmente pelo que fez ao pintor
Desnouettes.
Giroud ainda mantém o leitor "capturado" ao, enfim, revelar como os preceitos
do decálogo foram parar no Ocidente e encaminhar a história para outro
viés: o destino da omoplata.
Os desenhos de Michel Faure são muito bonitos. Há uma interessante variação
de enquadramentos e a diagramação é um pouco mais ousada em relação aos
álbuns anteriores. Mas nada que signifique páginas inteiras ou duplas.
Além disso, as cores suaves e claras ressaltam o traço.
E a sutil ironia das frases e imagens dos últimos quadrinhos dão a este
O papiro de Kôm-Ombo um desfecho instigante. Agora, o último mistério
que falta para ser revelado em O Decálogo é o da omoplata de camelo
e dos "mandamentos" que o profeta Maomé teria escrito nelas, o que é feito
no décimo volume.
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