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O LIVRO NEGRO DE ANDRÉ DAHMER

1 dezembro 2007


Título: O LIVRO NEGRO DE ANDRÉ DAHMER (Desiderata)
- Edição especial

Autor: André Dahmer (texto e arte).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Julho de 2007

Sinopse: Primeira coletânea de tiras de André Dahmer.

Positivo/Negativo: O trabalho mais conhecido de André Dahmer é a tira Os Malvados, sobre dois girassóis. Lançada em 2001 em um site próprio, a HQ se tornou popular na internet e levou o autor a ser publicado em veículos impressos como Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, Sexy Premium, na novamente extinta Bizz e, mais recentemente, no site de notícias G1.

Curiosamente, O Livro Negro de André Dahmer só faz uma menção aos personagens, na biografia que consta da orelha da contracapa. O álbum valoriza outras tiras, como Desmemória, Mini Dahmer, Mestre Barbará das Boas Notícias e Emir Saad - trabalhos em que usa a mesma combinação de um traço limpo e expressivo contrastando com requadros e letras extremamente geométricas.

Dahmer define sua área de atuação logo no primeiro capítulo, dedicado
a Apóstolos. Direto, sem metáforas ou subterfúgios, o quadrinhista dá
porrada em Jesus Cristo. É um doa a quem doer pra valer - até porque é
um tema que costuma causar dor em multidões. E assim o livro segue até
o fim.

Depois de desbancar o cristianismo, Dahmer segue surrando velhinhos moralistas, chefes escrotos, pais nazistas, seus amigos de escola, cartunistas como Arnaldo Branco, Allan Sieber e Gabriel Renner e até ele mesmo.

Sem frescura, bate de verdade. Nos amigos, a surra até que é leve. Mas Dahmer não tem piedade em quem merece apanhar pra valer. Espanca por ele mesmo, mas com tanta força que as pancadas valem pelo resto dos leitores.

A sova lava a alma, mas, na dose concentrada que o livro entrega, chega a pesar nos ombros. As tirinhas pegam a podridão que está aí, diluída ao redor, e esfregam na cara do leitor, deixando bem claro que o mundo só é um lugar legal pra quem fecha os olhos.

É justamente quando se distancia da realidade que Dahmer perde seu impacto. O capítulo dedicado ao tirano Emir Saad é o mais longo e fantasioso do livro. O personagem é o menos concreto - ou está mais distante que os outros.

Ao mesmo tempo em que essa seqüência de tiras mais amenas funcionam como alento ao leitor, ela faz o livro perder força ao se situar em um terreno imaginário.

Mas que, por favor, não se entenda a calmaria como um defeito grave: o problema é que, a essas alturas, Dahmer já mostrou ser melhor quando dá porrada abertamente. Doa a quem doer.

Classificação:

4,0

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