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O Lixo da História

3 maio 2013

O Lixo da HistóriaEditora: Quadrinhos na Cia. - Edição especial

Autor: Angeli (roteiro e arte).

Preço: R$ 55,00

Número de páginas: 312

Data de lançamento: Abril de 2013

Sinopse

Desde 2001, Angeli dedicou incontáveis charges aos conflitos que atravessaram o Oriente Médio após o 11 de setembro. Passou pelo governo Bush, pelas guerras do Afeganistão e do Iraque, pelo conflito entre Israel e Palestina, chegando até os distúrbios recentes no Egito e na Síria.

O resultado é um painel abrangente das principais questões que mobilizaram o noticiário político internacional nos últimos dez anos.

O lixo da História reúne esta produção, organizada cronologicamente e com projeto gráfico de Elisa V. Randow. Ao fim, uma extensiva cronologia, que parte da fundação do Estado de Israel, ilumina e aprofunda os temas abordados pelo autor.

Positivo/Negativo

Angeli, Laerte e o falecido Glauco (também conhecidos como Los Três Amigos) são inegavelmente patronos da atual geração do humor gráfico no Brasil. Angeli teve seu grande sucesso como quadrinhista nas décadas de 1980 e 1990, com personagens marcantes como Rê Bordosa, Meia Oito, Os Skrotinhos, Mara Tara, Wood & Stock e outros tantos reverenciados até hoje.

Mas as charges, um lado muito importante da sua produção, nem sempre recebeu a devida atenção. E elas são mais complicadas para trabalhar editorialmente, pois são feitas para funcionar naquele instante e, passado o furor da notícia, a graça muitas vezes se perde e poucos compreendem o que o artista queria dizer.

Apesar de produzir charges continuamente para a Folha de S.Paulo e o portal UOL, Angeli, infelizmente, só teve coletâneas tímidas desse material.

Suas charges ganharam um destaque maior no período em que Fernando Henrique Cardoso foi presidente, quando a Ensaio lançou FHC - Biografia Não-Autorizada e a Boitempo publicou O presidente que sabia javanês - com Angeli ilustrando as crônicas de Carlos H. Cony.

Agora, a Quadrinhos na Cia., nova casa editorial do autor, reuniu as charges dos anos 2000 focadas na agressiva política externa de George W. Bush e sua guerra contra o terror.

Longe desses conflitos entre os Estados Unidos e o Oriente Médio, é fácil esquecer algumas coisas e tachar os anos 2000 como um período de paz. Contudo, quando o leitor vê os anos passarem no livro, e as charges tingidas de sangue marcadas pela presença constante de um Bush orelhudo, meio palerma e agindo como uma criança mimada que trata vidas humanas como brinquedos, logo vêm à memória as pesadas marcas que esses eventos espalharam pela última década.

Não há muito o que dizer do traço tão peculiar, sujo e marcante de Angeli. E na coletânea pode-se observar a diversidade dos seus acabamentos, que vão de desenhos bem finalizados e mais limpos, até aqueles em que se vê todas as linhas usadas para a construção do desenho.

A edição da Quadrinhos na Cia. ficou caprichada, e é acompanhada de uma linha do tempo no final do livro que ajuda a contextualizar as charges com os acontecimentos históricos a que elas se relacionam.

Vale dizer que a editora poderia ter aproveitado a oportunidade para revisar o texto de algumas charges, uma vez que todas ganharam novas legendas, com letras digitais baseadas na caligrafia do Angeli - um trabalho feito pela excelente Lilian Mitsunaga.

Faltou também um pouco de cortesia ao Grupo Folha, que merecia um destaque mais explícito como publicador original do material - essa informação só aparece na ficha catalográfica. Ainda assim, fica a torcida para que a Quadrinhos na Cia. reúna em outra coletânea as charges sobre a política nacional no mesmo período.

Vale lembrar que Angeli ganhou todos os dezesseis HQ Mix na categoria de melhor chargista. E basta ler O lixo da História para entender por que ele sempre é o mais votado.

Classificação

4,0

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