O Melhor que Podíamos Fazer
Editora: Nemo – Edição especial
Autor: Thi Bui (roteiro e arte).
Preço: 64,90
Número de páginas: 336
Data de lançamento: Setembro de 2017
Sinopse
Esta é uma história sobre a busca por um futuro melhor e o saudosismo pelo passado. Explorando a angústia da imigração e os efeitos duradouros que o deslocamento tem sobre uma criança, Thi Bui documenta a difícil fuga de sua família após a queda do Vietnã do Sul, na década de 1970, e os percalços que enfrentaram para construir uma nova realidade.
Positivo/Negativo
Dizem que uma gota de água pode refletir a imensidão do oceano. Na primeira graphic novel da quadrinhista Thi bui, este ditado faz muito sentido. O melhor que podíamos fazer apresenta a história de uma única família, mas que consegue sensibilizar o olhar do leitor perante a realidade de milhões de refugiados.
Basicamente, é mostrada a fuga de uma família, após a queda do Vietnã do Sul – na década de 1970. No entanto, o recurso narrativo utilizado pela autora é o que torna a história instigante: ela apresenta sua trajetória em busca da própria história e como foi descobrindo, aos poucos e com muita pesquisa, as suas raízes.
Todo esse interesse pelo seu passado inicia quando ela engravida e percebe que, além de filha, agora será mãe. Coloca-se, então, no lugar de seus pais para tentar compreender suas escolhas e aceitá-las sem rancor.
São conversas, desabafos, reflexões, buscas por documentos, fotos e tudo que a fizesse conhecer o caminho que sua família percorreu em busca de um futuro melhor.
A mãe de Thi Bui era de uma família abastada, que sonhava em lhe proporcionar as melhores oportunidades de estudo. Ao conhecer e iniciar um relacionamento com o pai da protagonista, que vinha de uma família modesta, seus planos mudaram.
A guerra matava cada vez mais pessoas, tudo se tornou mais difícil e o casal se desestruturou financeiramente. A família precisou sair do Vietnã, em uma viagem conturbada. A vida nos Estados Unidos foi se estabelecendo, mas as feridas emocionais foram de difícil cicatrização.
A autora constrói um roteiro forte, sensível; e é muito fácil se apegar aos personagens. Há bastante uso de recordatórios, que são sempre um caminho mais fácil para a narração e são bastante comuns em quadrinhos de memórias ou jornalísticos. Porém, esse recurso acaba deixando a leitura um pouco cansativa, em alguns momentos.
Mesmo sendo seu primeiro trabalho, Thi Bui é corajosa na arte, utilizando somente preto, branco e alguns tons terrosos. O traço é firme, um pouco sujo e bastante carregado em preto nos momentos mais pesados da trama. Ela demonstra um estilo bem particular nas figuras humanas e, em alguns quadros, usa borrões quase avermelhados para mostrar o sangue derramado que mancha, quase literalmente, sua história.
A edição é em capa cartonada com orelhas, 17 x 23 cm e papel off-set de boa gramatura e impressão.
Ao expor suas fraquezas e dificuldades tão de peito aberto, Thi Bui demonstra maturidade não só como quadrinhista, mas também na compreensão dos sentimentos humanos e na delicadeza com que tratou um assunto tão pesado e atual. Sua história é centrada apenas em seu núcleo familiar, mas é grandiosa no alcance da reflexão que permite ao leitor.
Classificação:
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