O MENINO-VAMPIRO # 1
Título: O MENINO-VAMPIRO # 1 (Mythos
Editora) - Série em quatro volumes
Autores: Carlos Trillo (texto) e Eduardo Risso (arte).
Preço: R$ 27,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Junho de 2007
Sinopse: Em 1993, uma obra na zona antiga de uma cidade faz com que um esqueleto, aos poucos, ganhe vida... e carne! Revela ser um garoto, um filho do faraó Quéops que, aos 5 mil anos, tem corpo de 12 e poderes de vampiro. A diferença em relação à tradição é que os dele são energizados pelo Sol (mas também por uma quantidade monstruosa de comida).
Depois de cometer um assassinato e sugar todo o sangue do morto, o garoto chama a atenção da imprensa e, por tabela, de Ahmasi, sua inimiga milenar.
Mas o rapaz não está sozinho: no caminho, encontra o velho índio Urso Gentil e sua adorável neta, Nuvem da Tarde.
Positivo/Negativo: O Menino-Vampiro é um caso raríssimo de quadrinho argentino que atravessa a fronteira e ganha publicação no Brasil. O volume de material trazido de lá contrasta com a qualidade de sua produção.
O vizinho tem ampla tradição nas artes gráficas e é um pólo de excelência na arte seqüencial, coisa que as editoras daqui raramente vêem. Nos últimos anos, além de uma ou outra iniciativa isolada, só Quino e Maitena ganharam espaço por aqui. É pouquíssimo.
Esta HQ é uma representante do bom quadrinho de lá. Chega ao país, contudo, por tabela. Vem da agência SAF Comics, da Bósnia, que distribui HQs do mundo inteiro. Wild Bill Está Morto e Jeremiah, recém-lançados pela Mythos, também trazem o selo na capa.
O álbum ainda tem um apelo internacional: Eduardo Risso, o ilustrador, é o responsável pela cultuada 100 Balas, série noir do selo Vertigo (aqui, sai pela Pixel). Via Estados Unidos, este argentino talentoso ficou conhecido no Brasil. Mas sua bibliografia é bem mais ampla (inclui Caim, da mesma Mythos).
Mas Trillo também tem vasta e reconhecida carreira internacional, com diversos álbuns e prêmios, principalmente na Europa. Já foi publicado no Brasil na extinta Aventura e Ficção, mas por aqui ainda é quase ignorado. Atualmente, na Argentina, participa da nova versão da clássica revista argentina Fierro.
Em O Menino-Vampiro, Trillo faz um roteiro envolvente e encantador, principalmente quando retrata os dias de hoje. A parte egípcia é importante para a origem do conflito, mas não foi tão bem desenvolvida, pelo menos neste primeiro álbum (há mais três pela frente).
Mas as mais de 100 páginas de vida urbana passam voando. O garoto de 5 mil anos é um personagem fascinante. Sua tentativa de se encaixar na contemporaneidade é falha, imprecisa, mas rende uma história boníssima.
O traço de Risso está, como sempre, impecável - mas o tamanho da página aqui é maior que em 100 Balas, e a arte tem mais espaço para se espalhar. Suas paisagens urbanas são tão encantadoras quanto seus personagens.
Ao mesmo tempo em que capta o espírito da cidade, ele cria alma para o Menino-Vampiro, os índios e sua inimiga milenar. Há algo no traço de Risso que quase faz com que o leitor acredite no que vê. O fenômeno não está só aqui, mas em todos os seus trabalhos.
É ótimo que a Mythos traga O Menino-Vampiro para o Brasil, mas uma pequena apresentação do álbum ajudaria até mesmo a atrair mais leitores. Afinal, não dá para desprezar o fato de que os argentinos foram escanteados por anos a fio. Uma pequena nota biográfica sobre os criadores do álbum faria bastante diferença.
De resto, basta torcer para que a Mythos continue a trazer HQs argentinas para cá. O catálogo da SAF está repleto delas.
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