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O MESSIAS

1 dezembro 2006


Título: O MESSIAS (Opera
Graphica
) - Edição especial
Autores: Gonçalo Júnior (roteiro) e Flávio Luiz (arte).

Preço: R$ 6,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Maio de 2006

Sinopse: Em 128 páginas, os dois artistas contam uma história que parece uma previsão macabra sobre a guerra do tráfico nas grandes cidades.

No Rio de Janeiro de um tempo muito próximo do presente, um chefe do tráfico de drogas se imagina com poderes divinos para reunir todos os morros da cidade e declarar guerra civil aos poderes do Estado.

Positivo/Negativo: Este é aquele tipo de material que não pode ser apreciado despretensiosamente, caso você tente uma leitura superficial ou muito rápida, pois vai correr o risco de passar por cima das sutilezas do desenho e da forma que ele o encaminha pela história.

Gonçalo Júnior criou uma trama fantástica, um conto de violência. Contudo, essa é só uma interpretação, pois pode ser visto como uma história de santidade. Basta apenas puxar o pano de fundo, onde realmente está a violência, e substituir por um mais ameno.

Tudo é muito bem construído. A escolha dos capítulos de forma a fazerem sentido isoladamente, o desenrolar da ação com a construção do mito, a guerra civil, que é quase santa, e o trágico final. O personagem principal também é inusitado, um garoto albino, filho de uma negra que morreu executada sem grandes explicações.

Cabe uma crítica a um exagero na construção figurativa do personagem. Por exemplo, os homens de preto que fazem as vezes de reis magos, trazendo cocaína, maconha e armas. Por mais que seja uma boa piada, tudo que acontece até ali é real, mas essa idéia destoou um pouco, faltou sutileza, tirando a cara de metáfora e deixando a cena por demais surreal.

O desenho é um espetáculo à parte. Flávio Luiz, que já colaborou com o Universo HQ, com sua tira Rota 66, ainda é pouco conhecido apesar de trabalhar há um bom tempo com cartuns e colecionar vários prêmios em salões de humor. Este trabalho é bastante diferente do que ele normalmente costuma fazer e, justamente por isso, conseguiu jogar um olhar diferente sobre o texto de Gonçalo.

Com um desenho de grandes influências cartunescas e visível inspiração de Will Eisner (especialmente em expressões faciais e enquadramentos), ele quebra um pouco da crueldade do ambiente e torna a história mais humana.

O leitor olha para os personagens e não se assusta. Pelo contrário, se sente interessado por suas representações, que passam mais que uma idéia física, fazendo um retrato psicológico. Os cenários também estão muito bem trabalhados, sem excesso de detalhes, colocados de forma a não tumultuar a ação, e sim completá-la.

Mas o grande destaque do álbum é sua narrativa visual. Numa história sem texto ainda há quem pergunte se ela não tem narrador. O Messias responde essa pergunta.

O narrador não só está presente, como esfrega na cara do leitor o que ele quer mostrar. A escolha das cenas mostradas, os espaços em preto, tudo é feito de forma a potencializar cada ação.

No geral, é uma história intensa, concisa e que merece ser lida. Uma arte que destaca os momentos certos e um texto que “fala” tudo que é preciso dizer.

 

Classificação:

4,0

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