Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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O NOME DO JOGO

1 dezembro 2003


Autores: Will Eisner (texto e desenhos).

Preço: R$ 32,00

Número de páginas: 176

Data de lançamento: Junho de 2003

Sinopse:Três famílias de imigrantes judeus, os Arnheim, os Ober e os Kayn, todos descendentes, lutam por status e poder, sempre ancorados em casamentos arranjados.

Enquanto o rico busca assegurar o futuro da família por meio do casamento e de herdeiros; os menos afortunados o utilizam para obter riqueza e posição social.

O personagem central da trama é Conrad Arnheim, o herdeiro rude, mulherengo e egoísta do bem-sucedido negócio de vestuários da sua família.

As mulheres que suportaram estar casadas com ele tiveram entrada garantida no mundo da rica sociedade de Manhattan, mas a que preço?

Positivo/Negativo: Criador do Spirit, inventor do termo graphic novel, mestre da arte seqüencial. Estas são apenas algumas formas usadas para definir Will Eisner. Mas nenhuma delas consegue contemplar a dimensão de seu talento.

O Nome do Jogo é prova disso. A história mostra as muitas degenerações do "Sonho Americano" e como o casamento é utilizado, há muito tempo, para obtenção de vantagens sociais.

À primeira vista, você pode pensar que, por tratar-se de um tema "batido", a história seja enfadonha. Errado! E é justamente nesse aspecto que Eisner mostra por que é diferente, genial. Ele consegue manter o leitor preso às páginas, afoito para saber como será o desfecho da trama. E um livro 176 páginas é "devorado" em menos de uma hora!

Qual a receita? Will Eisner sabe como pouquíssimos retratar, nos quadrinhos, a vida comum. É um autor que trabalha bem demais a emoção dos personagens, o que acaba envolvendo o leitor na trama. Parece simples, mas se fosse fácil copiar o que ele faz, já teriam surgido vários na sua trilha.

Aos 86 anos, o "pai" do Spirit continua atualíssimo, produzindo e cada vez mais idolatrado, especialmente pelos grandes nomes dos quadrinhos. Não há prova maior de reverência!

Sua narrativa, a forma como a história flui por seus quadrinhos, é algo ímpar. Há artistas "top" do mercado que nem sequer passam perto da ousadia que Eisner adota na diagramação e nas "tomadas de câmera" de suas cenas.

Assim, o leitor vai sendo conduzido pela trama de O Nome do Jogo. Há momentos, em que se quer esganar Conrad Arnheim, por causa de suas falcatruas. Em outros, no entanto, é inevitável sentir pena do personagem, devido às agruras que a vida lhe impôs.

O álbum é um retrato fiel - e cruel - de como o casamento é utilizado como ferramenta de ascensão social. E, apesar de a história começar em 1900, não é difícil enxergá-la nos dias que correm.

A edição da Devir está caprichadíssima, com destaque para a impressão em sépia (dá um tom clássico à arte) e ao verniz em alguns pontos da capa. Apenas um erro de digitação, na página 87, na frase "... e vou contunuar sendo". Claro, o verbo é continuar.

Depois de terminar a leitura de O Nome do Jogo fica a tentação de comparar Will Eisner aos bons vinhos. Afinal, quanto mais velho, melhor ele fica. E não é preciso ser enólogo para saber disso. Basta ser apreciador de quadrinhos de qualidade!

Classificação:

4,0

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